Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff
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festivamente uma velha rotina rumo ao desastre. Logo o Brasil, país-continente, que<br />
dispõe <strong>da</strong>s melhores condições físicas, geográficas e humanas para se tornar autosuficiente.<br />
O sistema de governo republicano, não permitia que em final de man<strong>da</strong>to<br />
alguém pudesse candi<strong>da</strong>tar-se ao man<strong>da</strong>to seguinte. Por isso, no intuito de garantir a<br />
alternância, pegar quatro anos de ‘descanso' e voltar ao poder no período seguinte, os<br />
man<strong>da</strong>tários <strong>da</strong> vez cumpriam os dois primeiros anos numa penúria, alegando a dívi<strong>da</strong><br />
her<strong>da</strong><strong>da</strong>, como também para fazer caixa, e mesmo porque os dois primeiros anos do<br />
período são logo esquecidos, diante <strong>da</strong> pujança administrativa dos dois anos seguintes,<br />
quando "deslanchavam" obras mirabolantes, renúncia fiscal, esbanjamento de bon<strong>da</strong>de<br />
aos apadrinhados e até aos adversários políticos, tendo como objetivo o máximo de<br />
endivi<strong>da</strong>mento e sucateamento, comprometendo a governabili<strong>da</strong>de do man<strong>da</strong>to<br />
seguinte. O povo (os eleitores) comparava e sentia sau<strong>da</strong>de do homem de "visão<br />
administrativa".<br />
Depois que saiu a permissão de candi<strong>da</strong>tura em segundo man<strong>da</strong>to imediato, a<br />
gastança já crescera tanto que muitos estados e municípios tinham apenas a folha de<br />
pagamentos superior ao total <strong>da</strong> receita, impedindo autonomia para as despesas<br />
ordinárias de manutenção, conservação e atualização de tudo aquilo que depende <strong>da</strong>s<br />
vontades políticas. Geralmente proliferavam os "elefantes brancos" (obras faraônicas,<br />
inicia<strong>da</strong>s por governante anterior) que atestavam a irracionali<strong>da</strong>de do desperdício.<br />
A gastança não podia ser acudi<strong>da</strong> pelo aumento dos impostos, porque já estavam<br />
passando dos limites aceitáveis e porque havia anistias de fim de man<strong>da</strong>to, para os<br />
contribuintes/eleitores "inadimplentes".<br />
Enquanto a política permanecia nessas delongas, chegou o tempo de<br />
globalização, quando o mundo ficou pequeno diante <strong>da</strong> rapidez <strong>da</strong>s comunicações,<br />
escancarando a situação precária <strong>da</strong> economia brasileira, obrigando-nos ao vexame do<br />
monitoramento do FMI.<br />
Para ser bonzinho perante a cobiça estrangeira e para cativar a complacência dos<br />
credores, o Brasil esteve fazendo a liqui<strong>da</strong>ção do patrimônio público, vendendo as<br />
empresas estatais, inclusive estratégicas como as de interesse comunitário, vendendo<br />
para empresas estrangeiras e multinacionais que agora importam matéria prima e até<br />
serviços, a preços superfaturados e exportam para suas matrizes o produto a preços<br />
subfaturados, aumentando a evasão de divisas.<br />
Hoje (ano 2000) a dívi<strong>da</strong> declara<strong>da</strong> do Brasil (interna e externa) é 50% de tudo<br />
que o nosso país consegue produzir durante um ano. Se pagarmos 18% ao ano de juros<br />
reais, teremos uma despesa anual de 9% de tudo que produzimos. Necessitaríamos que o<br />
PIB crescesse 9% ao ano para não regredir. Se a nossa recessão não escan<strong>da</strong>liza, é por ser<br />
camufla<strong>da</strong> pelo crescente endivi<strong>da</strong>mento financeiro. Quem duvi<strong>da</strong>r, procure saber qual<br />
a proporção do nosso PIB que se esvai em juros, para saber se existe crescimento real.<br />
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