Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff
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nossos irmãos e filhos. Menciono isso pelos colonos sitiados de Panambizinho,<br />
Douradina, Picadinha, Santa Luzia, Japorã, Antônio João, etc.<br />
Faltou uma previsão no Artigo 231 <strong>da</strong> nova Constituição, porque vai aumentar a<br />
reivindicação por mais áreas, quando as condições de sobrevivência dos índios se<br />
igualarem às <strong>da</strong> classe média. Enquanto nós já aprendemos a restringir a nossa<br />
reprodução pela simples responsabili<strong>da</strong>de dos custos, eles continuarão com a média de<br />
oito filhos por casal por muito tempo. Vai chegar o momento em que o discurso <strong>da</strong><br />
‘espécie em perigo de extinção' será um absurdo. Não podemos esperar pelo momento<br />
<strong>da</strong> adequação legal. Depende de diversos fatores simultâneos: de inteligência, bom<br />
senso, poder e vontade política. Uma coincidência improvável.<br />
Não vamos abandonar os nossos ‘primitivos' à sua própria sorte. Somos em<br />
maioria religiosos e os índios, ain<strong>da</strong> que manobrados de fora, são humanos como o<br />
nosso próximo; mas permitir que nos desrespeitem, como se estivéssemos em<br />
republiqueta de araque, ou como se a nossa cultura fosse suici<strong>da</strong>, é um despropósito.<br />
Devemos sim propiciar a sua integração em nossa socie<strong>da</strong>de em igual<strong>da</strong>de de justiça na<br />
capacitação <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e na procura <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des. Devemos resgatá-los dos<br />
‘guetos', contemplando-os com os direitos e deveres constitucionais <strong>da</strong>í decorrentes,<br />
sem impor-lhes uma religião. Sua cultura, que seja documenta<strong>da</strong> para estudos<br />
antropológicos e manti<strong>da</strong> pelos aficionados, mas condenar todos ao primitivismo<br />
eterno, é o cúmulo. Na dúvi<strong>da</strong>, pergunte a eles.<br />
Alegar a alteri<strong>da</strong>de legal e cultural como direito dos índios, seria admissível se<br />
eles não fossem brasileiros eleitores. Direito a certas alteri<strong>da</strong>des, qualquer um de nós<br />
pode avocar, contanto que não implique em restrição de prerrogativas de outrem e nem<br />
de obrigações <strong>da</strong>í decorrentes.<br />
A minha proposta é a instituição de alguns territórios federais, onde culturas<br />
exóticas possam ser tolera<strong>da</strong>s por legislação especialmente adequa<strong>da</strong> nos locais onde<br />
ain<strong>da</strong> existem nativos primitivos. Então transferir para esses territórios to<strong>da</strong>s as tribos<br />
ou famílias primitivas que vivem a esmo nas proximi<strong>da</strong>des. Aqueles que estão<br />
atualmente confinados em malocas dentro dos municípios brasileiros devem ser<br />
registrados e receber a Carteira de Trabalho, orientação profissional e escritura <strong>da</strong> sua<br />
área de terreno. Aquelas famílias que não aceitarem a integração social, terão a liber<strong>da</strong>de<br />
de ingressar na indigência ou pedir transferência para alguma reserva regular acima<br />
referi<strong>da</strong>. Poderiam ain<strong>da</strong> tornar-se marginais acampados sem terra até se a<strong>da</strong>ptarem ou<br />
até serem ‘assentados'. Quanto eu saiba, nos países do ‘primeiro mundo' existem<br />
mendigos. Existem religiosos que fazem voto de pobreza. Há outros grupos que<br />
preferem a prosperi<strong>da</strong>de, esses sustentam o Governo e o Governo sustenta os marginais<br />
indigentes. O que não devemos é proporcionar melhor vi<strong>da</strong> para os marginais ‘folgados'<br />
do que para os pobres esforçados.<br />
A não ser assim, façamos a guerra antes de aceitar o armistício e entregar o<br />
poder, porque se eles não aceitarem a civilização e quiserem ficar misturados, teremos<br />
que disputar o território. Qualquer nação que se preze vai à luta em defesa do seu<br />
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