Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff

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ENGODO HISTÓRICO Luta de Classes Um chavão ou um pregão, um jargão de chorumelas, às vezes é repetido até parecer ‘lei natural'. De tanto ler e ouvir as palavras "luta de classes", "classe dominante" e socialismo científico, palavras que exerceram função útil e gloriosa logo após a Revolução Francesa, no século XVIII quando os burgueses entenderam que poderiam libertar-se da tirania do absolutismo; na Revolução Industrial que a princípio impunha condições sobre-humanas aos operários antes das conquistas trabalhistas, quando o empregado era maltratado; carga horária até a exaustão, salário ínfimo, sem direito a férias nem fim de semana, etc., de tanto insistir no antagonismo entre exploradores impiedosos dos escravos, dos colonos, dos operários, dos empregados, esse discursocontinuou sendo surrado depois de surtir o efeito desejado até no século XX, passando as fases de: necessário, inócuo e agora perturbador. Desde a consolidação das leis trabalhistas a luta de classes devia ser abrandada até sobrar apenas alguma greve para exigir o cumprimento da Lei. As depredações dos Em Busca da Cidadania - 38
ônibus são atos de terrorismo que deviam mobilizar as forças armadas de defesa nacional, por não representarem nenhum esforço de amparo dos interesses sociais, e vulgarizarem o terrorismo. Configura-se como uma tentativa de desestruturar as instituições e a segurança do cidadão contribuinte, enfim, um banditismo antidemocrático pior do que uma guerra declarada. Uma barbárie que não foi tolerada nem durante a ingenuidade que deu origem às idéias de sociedade anárquica, porque os maiores anarquistas que chegaram ao poder, na prática revelaram-se imperialistas absolutistas, na Espanha e na Rússia. As revoluções tidas como movimento de vanguarda, sempre foram precedidas por brilhantes teorias, fundamentadas como reação às práticas irresponsáveis ou irracionais vigorantes em séculos passados. A liberdade de culto e de consciência determinada pela Constituição brasileira, não veio para facilitar a bandidagem que é predatória daquilo que a Civilização conseguiu de melhor e mais belo, veio para dar chance à Sociedade de continuar evoluindo. A liberdade de consciência serve para propiciar a diversificação cultural, para construir e não para destruir a comunidade. Os atos de terrorismo e de vandalismo não se comparam com as revoluções defendidas pelos marxistas, nem são manifestações políticas. É banditismo descarado pior do que guerra das hordas invasoras e saqueadoras dos primórdios da Civilização. Se até agora ainda existe gente morrendo de exaustão operária, acontece por dois motivos, mão-de-obra mal remunerada forçando aumento voluntário de esforço e carga horária, além da falta de denúncia. O fato é que os ‘novos burgueses' estão ao alcance do braço pesado da Lei. Sabemos que as antigas ‘elites' brasileiras conseguiram a revanche e se restabeleceram "pegando o vácuo" pela trilha do poder na ‘sombra' da Revolução de 1964. Mas o que quero enfocar é que ao declarar guerra à "Classe Dominante", corre-se o risco de injuriar as instituições públicas e promover amotinação contra o governo democrático, atrasando o desenvolvimento e pondo em risco a segurança nacional, só para garantir uma ideologia ultrapassada e inoportuna. Afinal a anarquia sempre foi utopia e de agora em diante poderia ser comparável a genocídio, tal a inviabilidade em que se encontra. Não podemos mais dar status de direito político, mas sim de delinqüência social. Se existe decepção com o rumo governamental e suas ‘medidas', de nada vale atentar contra a Democracia. Cada povo terá o governo que merecer, porque é escolhido pela maioria. O único remédio para um mau governo é melhorar a opinião pública. Liberdade de pensamento, tudo bem, mas liberdade de ação, apenas quando não arranha direitos de outrem. Quem não estiver contente com o seu governo, que encontre nele as falhas que justifiquem a sua troca imediata ou espere até as próximas eleições. O que não pode tentar é destruir as instituições sem justificar uma reação guerreira e legítima da nova ‘classe dominante'. Em Busca da Cidadania - 39
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