Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff
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O Apetite<br />
Os pais desejam guiar o desenvolvimento dos filhos <strong>da</strong> melhor maneira que<br />
esteja ao seu alcance. Quanto à nutrição, a preocupação maior é com a quanti<strong>da</strong>de e a<br />
menor é com a quali<strong>da</strong>de. Enquanto pequenas as crianças limpam orgulhosamente o<br />
prato, mas depois de adultos não sabem por que estão obesas e assim permanecem,<br />
supondo que assim são, sem maiores cui<strong>da</strong>dos científicos. Já com os animais<br />
industrializáveis...<br />
Para conseguir bons resultados nos desfiles e concursos de saúde e beleza animal,<br />
os humanos procuram atender as necessi<strong>da</strong>des dos bichos cientificamente com higiene,<br />
conforto, medicamentos e alimentação <strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de nutricional e em<br />
quanti<strong>da</strong>de ótima. Nesses casos, um embrião bovino pode valer até R$ 40.000,00. Quase<br />
o preço de dois automóveis novos. Entretanto nós, os desvalorizáveis, queremos bebi<strong>da</strong>s<br />
caríssimas, cujas virtudes na<strong>da</strong> têm em comum com os preços. Na<strong>da</strong> a ver com<br />
balanceamento nutritivo. Um sorvete que pode valer até meses de cesta básica; ovos de<br />
espécies quase extintas são avi<strong>da</strong>mente consumidos. Problemas de saúde só interessam<br />
aos médicos. Na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, ao comer, beber e fumar, os humanos estão<br />
irracionalmente pensando apenas na sacie<strong>da</strong>de dos instintos viciados. Enfim,<br />
arrogância, estroinices, bravatas e outras atitudes de grande importância em ambiente<br />
esnobe.<br />
Os mesmos cui<strong>da</strong>dos que temos com os animais puxadores <strong>da</strong> evolução genética,<br />
deveríamos ter conosco, mas somos muito ciosos <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des de amealhar fatores<br />
lucrativos. A relutância dos mais ricos em passar gratuitamente preceitos, receitas e<br />
descobertas úteis, adquiridos por meio de caríssimas pesquisas, condena os mais pobres<br />
à marginali<strong>da</strong>de e à exclusão social. É aí que surge a tarefa do Governo de equilibrar a<br />
oferta de cultura e informações por meio de incentivos. Ao invés de olhar com maus<br />
olhos a livre iniciativa particular e com desconfiança os contribuintes dos impostos, que<br />
teimam em praticar o capitalismo defendendo os próprios tesouros contra a pirataria e a<br />
inveja dos improdutivos. A classe dominante ou ‘elite governamental' bem que poderia<br />
otimizar as condições de produção e divulgação dos fatores de saúde pública. Os<br />
brasileiros que são mais ricos e produtores de riquezas repartem compulsoriamente (via<br />
impostos) a sua produção com os mais pobres em alta porcentagem. Se esses recursos<br />
não estão chegando até os necessitados, é porque seguem a rota dos juros <strong>da</strong> dívi<strong>da</strong><br />
pública.<br />
Ao otimizar as condições de vulgarização de tecnologia, é necessário muito<br />
estudo e grande cui<strong>da</strong>do. Quando o Governo avança muito em divulgação tecnológica,<br />
pratica uma cari<strong>da</strong>de imediata, mas a médio-prazo pode inviabilizar o interesse pelo<br />
investimento particular em pesquisa científica, por desvalorizar produtos em<br />
desequilíbrio com os insumos.<br />
<strong>Em</strong> <strong>Busca</strong> <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia - 73