Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff

eligião, o que você fala e se possível, o que você pensa. Não há concorrência, tudo é
monopólio.
Uma linha lhe é imposta. Se você pisa fora vai para o paredão ou para o degredo.
O indivíduo não tem importância, sua vida não vale nada se a Burocracia entender que
ele atrapalha a comunidade, ou se achar que diverge conceitualmente do dono da
verdade. Se o divergente tentar asilo político, será perseguido pela ‘KGB'. Sair do país
seria como sair da Máfia. Seria considerado um arquivo vivo, uma ameaça para a
sobrevivência comunal.
Mas as utopias encaradas como fantasias e não como dogmas são de extrema
importância sociológica.
As utopias devem ser cultivadas como arte, como filosofia. São modos
experimentais de entender os paradigmas vigentes do lado de dentro do Sistema e ao
mesmo tempo espreitar fora à procura de outras alternativas que possam ser estudadas e
confrontadas. Como seria possível saber se o que você faz é o melhor se não tivesse com
o que comparar?
Comunismo
O comunismo seria o ideal político a ser almejado se a massa humana fosse mais
domesticável e homogênea, se a educação produzisse resultados exatos e previsíveis e se
a justiça fosse ágil e eficaz.
Felizmente existe a diversidade da espécie humana para dar continuidade à
evolução, mas em parte o preço é a democracia, o capitalismo, os presídios, os
incentivos fiscais, as dissuasões, a burguesia.
Seria possível uma espécie de comunismo tribal como aglomeração de famílias
nômades em continente de caça abundante como nas savanas dos gnus ou nas pradarias
dos bisões da pré-história. Para isso seria necessário que o padrão de consumo se
restringisse ao ‘feito em casa'. Mesmo assim, aquele ‘comunal' que desse os melhores
palpi tes para ação em conjunto, em cooperativa seria mais assediado em
aconselhamento, até tornar-se chefe.
Se fosse um comunismo em que todo o povo se nivelasse como classe operária
com um governo absolutista, não haveria estímulo para substituir o interesse e a
criatividade vigente antes do ‘emparedamento' da classe burguesa. Por isso, o
patrimônio seria dilapidado, chegando o momento em que o proletariado seria
escravizado como tentativa de re-encetar a organização da produção. Com a queda da
produção, os bens naturais não renováveis passariam a ser moeda de troca por
alimentos importados até o desesperado retorno da propriedade privada e do
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