Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff
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Existem ci<strong>da</strong>des brasileiras onde os que se declaram negros são a maioria. Outras<br />
há onde o negro é raro. Parece que o legislador responsável pelo sistema de cotas não<br />
levou isso em consideração. Sobrarão cotas onde haja escassez de negros.<br />
As ‘melhores cabeças' geralmente iniciam os estudos em escolas particulares<br />
desde o pré-primário, inacessível à pobreza. Isso na<strong>da</strong> tem a ver com a aparência externa<br />
<strong>da</strong>s pessoas. Quem vê a cor <strong>da</strong> pele não adivinha a inteligência e a dedicação que ela<br />
abriga. Na questão <strong>da</strong> inteligência as ‘raças' em média são iguais. Por isso se compõem<br />
de pessoas de todos os graus de capacitação, desde que sujeitas às mesmas condições.<br />
Os negros precisam de maior encorajamento para o convívio social. Conheço<br />
negros bem sucedidos porque mantêm uma invejável alegria de viver.<br />
A consciência negra deve continuar se empenhando no desenvolvimento <strong>da</strong>s<br />
motivações necessárias para conquistar e ampliar a simpatia dos outros grupos,<br />
buscando sempre a integração e abrindo mão <strong>da</strong> exclusão e <strong>da</strong> segregação. Quando<br />
socialmente integrados, os negros contribuem com muitos heróis, principalmente por<br />
meio <strong>da</strong>s artes e dos esportes, uma forte vocação dos meus irmãos negros que são<br />
imbatíveis em algumas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des. Devemos balizar as nossas aspirações, os nossos<br />
ideais, não por uma ‘raça', não por um ídolo, mas pelos feitos humanos, sejam proezas<br />
de saltimbancos, seja cultura indígena, seja arte africana, seja malabarismo chinês ou<br />
aprimoramento técnico japonês, seja o siso musical alemão do século dezenove. To<strong>da</strong> a<br />
filosofia, to<strong>da</strong> descoberta científica, to<strong>da</strong> maravilha <strong>da</strong> arte pode repercutir em<br />
benefícios para a humani<strong>da</strong>de inseri<strong>da</strong> na Globalização e serve de rumo para novos<br />
objetivos a serem alcançados.<br />
<strong>Em</strong> vez de quebrar as regras básicas do concurso vestibular, não seria muito<br />
melhor garantir aos mais pobres uma boa formação escolar desde o pré? Contudo não<br />
esqueçamos de um detalhe: um bom ou mau curso esmaece de importância quando a<br />
pessoa continua se aprimorando até desenterrar o seu talento. Então o que conta já não<br />
é a preparação, mas uma produção intelectual de alto nível, embora geralmente o<br />
educandário formador seja contemplado pelo destaque.<br />
O Governo sempre corta boa parte do orçamento, principalmente os<br />
investimentos, como também verbas destina<strong>da</strong>s apenas à manutenção <strong>da</strong>s instituições.<br />
Por isso a degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s escolas públicas. As ‘melhores cabeças' embarcam nas<br />
universi<strong>da</strong>des públicas, mas os melhores profissionais formam-se nas particulares, mais<br />
bem equipa<strong>da</strong>s. O Poder Público não terá o direito de bagunçar o sistema de escolha nas<br />
instituições particulares. Não deve descambar pela falta de serie<strong>da</strong>de dos legisladores. Se<br />
as instituições públicas se degra<strong>da</strong>m, pior será se arrastarem consigo também as<br />
instituições particulares.<br />
Os estu<strong>da</strong>ntes que alcançam as melhores colocações, geralmente iniciam os<br />
estudos em escolas particulares desde o prezinho, inacessível à pobreza.<br />
Pelas estatísticas divulga<strong>da</strong>s, os descendentes de negros são mais pobres e<br />
permanecem estu<strong>da</strong>ntes por menos tempo do que os brancos. Muito claro está que no<br />
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