Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff

superprodução que fora de controle acaba em aviltamento de preços. O preço baixo
inviabiliza a produção causando o desabastecimento. A falta do produto força a elevação
dos preços e assim por diante na roda viva da incompetência, do descontrole e da falta
de planejamento. É certo que na agropecuária existem outros fatores que contribuem
para a superprodução ou o desabastecimento, como a variação climática e as epidemias,
mas isso não torna desnecessário o planejamento do equilíbrio entre a oferta e a
procura. Além de tudo isso, seriam as esquerdas que vigiariam o modo de vida dos mais
necessitados exigindo o socorro e amparo, possíveis e razoáveis.
Para evitar que a oposição seja maioria e esmague a governabilidade, bom seria
se o Poder Executivo, o poder de Centro, governasse sob critérios ‘esquerdistas',
respeitando a dignidade dos mais pobres, amparando as partes mais fracas da
comunidade, contanto que visse como interesse das classes menos favorecidas, não a
exaustão da burguesia, não o desalento do ‘empreendedorismo', não a humilhação das
elites, não o abate das poedeiras dos ovos de ouro, mas a prosperidade de todos e a
fiscalização pela segurança dos interesses coletivos, porque esses constituem a
conveniência nacional.
A velha mania de classificar os políticos, de esquerdista e direitista, situação e
oposição, seria desnecessária se não houvesse hipocrisia, se as discussões fossem
esclarecedoras, se não houvesse dificuldade em confessar uma culpa, quando a
compreensão de um equívoco resultasse na retratação. Se houvesse patriotismo e
lealdade acima do corporativismo.
Utopia e Dialética
A tradição da religiosidade humana é multimilenar e me parece que nunca foi
monopólio dos judeus porque muito antes de Abraão já existiam os sacerdotes egípcios.
Além disso, os povos da América pré-colombiana eram religiosos, adoradores de
divindades de denominações diferentes das africanas, européias ou asiáticas. Os homens
e as mulheres tinham que adorar. Aqueles que não queriam ou não podiam adorar a
Javé ou Alá, adoravam outros deuses ou ídolos.
Tomás More (Thomas Morus), estadista e escritor inglês imaginou uma nação
ideal e mítica no século XVI. Durante a Renascença italiana, nos séculos XV e XVI
houve um reavivamento da filosofia e das artes clássicas, incluindo humanismo. Isso
mexeu fundo no obscurantismo medieval e na fé inabalável que durava um milênio.
Dois séculos após chegou a vez do Iluminismo francês, inglês e alemão que aceitava
quaisquer discussões contanto que respeitassem a Razão. Os homens foram empurrados
ao enfrentamento da responsabilidade dos destinos e muitos viram desfazer-se a
miragem do Paraíso Prometido. A reação foi reativar utopias que substituíssem a
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