Em Busca da Cidadania - 1 - Merlinton Braff

algumas espécies. Contudo, a não interferência humana no ecossistema não se aplica no
caso das tartarugas marinhas e dos jacarés do papo amarelo, do mico-leão-dourado, de
muitos animais que estão sendo salvos pelos homens e pelas mulheres. Aqui na Terra, a
humanidade ainda será a melhor realização da criação.
Muda Brasil!
Naturalmente é com desalento e repulsa que critico a política brasileira.
Desalento porque me presto ao trabalho de meditar sobre as negatividades opressoras
da esperança; repulsa, porque sei que a reação à crítica pode ser oposta às expectativas.
Contudo, poderia haver melhora a longo-prazo.
O Brasil ainda está necessitando de urgentes mudanças. O atendimento judicial
está em franca expansão dos prazos de conclusão; piorou o atendimento da saúde
pública; a alfabetização ‘funcional' continua sofrível; as nossas vias fluviais continuam
mal aproveitadas, no país mais bem servido de recursos hídricos; ainda não começou a
expansão ferroviária; as vagas de serviços técnicos foram preenchidas em função da
política; o programa Fome Zero pouco passou de promessa; as ‘bolsas isto' e as ‘bolsas
aquilo' não foram organizadas com prioridade de assistência aos mais necessitados;
alguns ‘intelectuais' ainda consideram os assaltos e seqüestros como simples ‘protestos
políticos'; muitos advogados tornam-se cúmplices dos criminosos e continuam a exercer
a ‘nobre missão' como se ainda fossem homens da lei; a corrupção de colarinho branco e
dos políticos está mais tolerada e a impunidade parlamentar é festejada com danças
comemorativas e congratulações no palácio legislativo, como se o Poder Legislativo não
soubesse que um crime deve ser punido, execrado. Não deve ser festejado.
As pessoas que não podem alegar ignorância da legalidade são os legisladores e
as legisladoras, sob pena da mais absoluta incompetência e inaptidão. O poder
Executivo tem a incumbência de cumprir as leis e executar o plano orçamentário. Não
lhe compete apoiar o crime com a desculpa de ignorá-lo ou de admiti-lo como tradição.
O civismo é uma qualidade imprescindível ao desenvolvimento das
potencialidades de qualquer sociedade. A degeneração do civismo e do bom senso está
se tornando epidemia por falta de interesse do clero (em suas diversas denominações),
da política, do magistério, do funcionalismo público e de setores do Judiciário. É claro
que se as partes mais responsáveis desta nação não estão nem um pouco preocupadas
com o equilíbrio no relacionamento entre pessoas ou grupos; se não se importam com a
clareza, com a virtude e com a qualidade das leis, com a harmonia, com a
funcionalidade e o cumprimento das normas legais, com o atendimento das obrigações
do governo para com os contribuintes; dificilmente o cidadão comum terá forças para
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