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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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que se quer intrínseco à sua própria <strong>na</strong>tureza como orientação ou variante <strong>sexual</strong>,<br />

embora a realidade demonstre o contrário: o número daqueles que são homossexuais,<br />

para os quais a homos<strong>sexual</strong>idade não é um “problema”, é muito maior do que o<br />

preconceito (da opinião popular ou do senso comum douto) é capaz de admitir.<br />

Convém anotar, entretanto, que nossa crítica à abordagem da homos<strong>sexual</strong>idade<br />

pela psicologia e pela psicanálise não ignora a importante contribuição destas<br />

áreas ao estudo de diversos outros fenômenos humanos. E não podemos deixar<br />

de ressaltar o importante papel que a psicanálise desempenha hoje, por exemplo,<br />

no combate às tentativas de biologização dos atos humanos, no que ela se reúne à<br />

crítica das demais ciências sociais à nova vaga do determinismo biológico. Foi exatamente<br />

esse combate que inspirou a psica<strong>na</strong>lista e historiadora das idéias Elisabeth<br />

Roudinesco a escrever seu ensaio Por que a psicanálise?, no qual diz:<br />

108<br />

[...] violentamente atacada hoje em dia pelos que pretendem<br />

substituí-la por tratamentos químicos, julgados mais eficazes<br />

porque atingiriam as chamadas causas cerebrais das dilacerações<br />

da alma [...] [a psicanálise] restaura a idéia de que o homem é<br />

livre por sua fala e de que seu destino não se restringe a seu ser<br />

biológico (ROUDINESCO, 000: 9).<br />

É com a crítica ao determinismo biológico e sua tentativa de igualmente definir<br />

a gênese própria da homos<strong>sexual</strong>idade que nos ocuparemos daqui por diante. A<br />

procura por explicar os fenômenos humanos a partir de bases biológicas não é um<br />

fato de hoje <strong>na</strong> história da ciência. Mas não resta dúvida que a onda atual do determinismo<br />

biológico tem permitido retor<strong>na</strong>r com força, <strong>na</strong>s últimas décadas, explicações<br />

biologizantes de fatos sociais e fenômenos culturais, com ampla aceitação e difusão<br />

pelas mídias. Destacam-se, entre outras expressões, a atuação da sociobiologia (e desde<br />

Edward Wilson) – com variações entre os autores, que podem ir de comentários<br />

mais ou menos comprometidos (ROSE, 000), hibridismos teóricos entre antropologia<br />

cultural e sociobiologia (PARÍS, 00 ) ou formulações fortemente comprometidas<br />

(WINSTON, 00 ) – e a atuação do seu subproduto correspondente: a<br />

chamada psicologia evolucionista (WRIGHT, 99 ; PINKER, 004).<br />

Acreditando que a subjetividade huma<strong>na</strong> possui fundamentos biológicos,<br />

autores desta vertente afirmam a existência de um “componente genético” para a<br />

homos<strong>sexual</strong>idade. E o fazem, ao que parece, pretendendo fundamentar uma visão<br />

“não preconceituosa”, não baseada em juízos morais, que concorreria para se ter uma<br />

compreensão (justa?) da homos<strong>sexual</strong>idade, esta definida como uma prática para

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