14.04.2013 Views

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Os modos de subjetivação normatizadores seriam responsáveis pela manutenção<br />

da ordem estabelecida, da moral vigente e do status quo, enquanto os modos<br />

de subjetivação singularizadores se mostrariam como linhas de fuga, como contrapoderes<br />

ou resistências em face do poder (no sentido foucaultiano), que facilitam a<br />

expressão da diferença, da singularidade e dos processos desejantes, entendidos aqui<br />

<strong>na</strong> forma proposta por Gilles Deleuze e Felix Guattari ( 99 ), que propõem o desejo<br />

como uma “usi<strong>na</strong> de produção de real social”. Nesta perspectiva, dependendo do<br />

modo de subjetivação (normatizador e/ou singularizador) em ação, teremos pessoas<br />

mais normatizadas ou mais resistentes aos processos de normatização.<br />

No caso da população travesti, conforme observações etnográficas realizadas<br />

por nós, assim como por outros autores, iremos encontrar um mix de subjetivação<br />

em que ora as travestis se mostram extremamente revolucionárias e criativas, ora se<br />

mostram normatizadas, reproduzindo modelos familiaristas, burgueses, patriarcalistas<br />

e heterossexistas, expressando desejos e discursos de submissão e passividade<br />

diante da figura masculi<strong>na</strong> – pai, cliente, marido.<br />

Esses modos existenciais são produzidos através das relações que o sujeito vai<br />

estabelecendo com a família, com a comunidade, com a escola, com os serviços de<br />

saúde, com a segurança pública, <strong>na</strong>s relações amorosas e afetivas, sexuais e/ou de amizades,<br />

<strong>na</strong>s relações de trabalho e voluntariado etc. Por conseguinte, vivenciam todo<br />

um processo de subjetivação que tentará sempre normatizá-lo por meio de discursos<br />

cristalizados por valores moralistas, legalistas e conservadores.<br />

Quando da expressão da homos<strong>sexual</strong>idade, e mais especificamente da travestilidade<br />

ou tran<strong>sexual</strong>idade, ainda <strong>na</strong> infância e depois <strong>na</strong> adolescência, o que<br />

temos percebido nos relatos ouvidos e <strong>na</strong>s observações etnográficas realizadas são<br />

histórias de discrimi<strong>na</strong>ção, violência e exclusão, muitas vezes seguidas de morte e<br />

que têm início dentro da própria família. Começa aí o processo de estigmatização<br />

que se desenvolverá como ondas, propagando-se da família para a comunidade, da<br />

comunidade para a escola, para os serviços de saúde e demais espaços e contextos de<br />

relações com que essas pessoas venham a interagir (PERES, 00 a).<br />

Nos processos de estigmatização, é paulati<strong>na</strong>mente estabelecido todo um sistema<br />

de depreciação e desvalorização que leva a pessoa a se inferiorizar, perder a<br />

auto-estima e aceitar toda a imposição dos estigmas, em decorrência da introjeção<br />

de valores como verdades absolutas e de modos de ver que justificariam a sua desqualificação<br />

e exclusão como algo <strong>na</strong>tural, justo e inevitável (id., 004).<br />

A partir dessa subjetivação de assujeitamento, as pessoas vão se tor<strong>na</strong>ndo<br />

cada vez mais vulneráveis diante da vida, perdendo a força do questio<strong>na</strong>mento e<br />

da crítica. Ficam à mercê de qualquer forma de desrespeito, de abandono e descaso<br />

238

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!