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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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e <strong>na</strong> de boa parte do pensamento pedagógico de senso comum mais tradicio<strong>na</strong>l<br />

e, especialmente, está <strong>na</strong> contramão do que a mídia em geral divulga como<br />

“modelos de sucesso” em matéria de se dar bem <strong>na</strong> vida, carreiras marcadas por<br />

forte individualismo. Nos dias de hoje, uma professora ou um professor tem que<br />

ter uma enorme dose de sensibilidade para lidar com a inclusão escolar, pois é<br />

difícil acreditar que surdos, cegos, gueis, lésbicas, travestis, cadeirantes, deficientes<br />

mentais, gente mais velha, bagunceiros e comportados, umbandistas e católicos<br />

possam aprender em conjunto, num clima de inclusão, aceitação, respeito e<br />

harmonia. O fato explica porque, <strong>na</strong> maior parte das vezes, quando perguntado<br />

acerca da inclusão escolar, o professor diga que é favorável, mas logo em seguida<br />

comece a enumerar os problemas de se fazer isso. Os problemas logicamente<br />

existem, mas eles não devem constituir motivo para que se volte ao antigo sistema<br />

de exclusão sistemática dos diferentes.<br />

Em parte, o professor precisa ser “convencido” de que a inclusão é boa. No<br />

geral, para ele, ela não é boa, ela é fonte de problemas intermináveis. É necessário<br />

estudo, paciência, debates, reflexões sobre o atual momento político e educacio<strong>na</strong>l<br />

brasileiro para que nós, professores, possamos perceber a riqueza da diversidade<br />

em sala de aula, sob todos os aspectos, e particularmente <strong>na</strong> questão da diversidade<br />

<strong>sexual</strong>. Se, por um lado, todos concordam acerca da beleza do aprendizado entre os<br />

diferentes, por outro, isso é muito difícil de ser conseguido, exigindo de nós grande<br />

esforço de trabalho e uma disposição para a aceitação e a superação de preconceitos<br />

que não é fácil de ser mantida.<br />

Tratando especialmente das diferenças relacio<strong>na</strong>das à preferência <strong>sexual</strong>,<br />

vale lembrar que é comum os professores e as professoras serem de uma geração,<br />

e os alunos de outra. Ao longo da vida profissio<strong>na</strong>l, vai se alargando a distância<br />

entre a geração e o contexto moral em que o professor foi criado, e as novas<br />

gerações e os novos contextos morais nos quais nossos alunos vivem e dos quais<br />

retiram seus valores. Não se trata de pedir ao professor que esqueça seus valores,<br />

e abrace os da nova geração, tor<strong>na</strong>ndo-se então um “professor moderno” ou uma<br />

“professora avançada”. Também não se trata de querer que os alunos vivam segundo<br />

os valores em que fomos criados, repetindo <strong>na</strong> sala de aula frases do tipo “no<br />

meu tempo não tinha essa sem-vergonhice toda”, ou “no meu tempo a gente se<br />

respeitava”. Nenhum destes extremos é possível, e nem desejável. O ideal é que se<br />

estabeleça um diálogo produtivo entre o conjunto de valores e os códigos morais<br />

e éticos da professora ou do professor, e o conjunto de valores dos alunos que, por<br />

vezes, em ambos os casos, podem ser bastante variados. Nessa medida, a professora<br />

se constrói como um adulto de referência diante de seus alunos, alguém com<br />

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