14.04.2013 Views

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Não há dúvidas, porém, de que com o advento da modernidade <strong>na</strong>s sociedades<br />

ocidentais os modelos familiares se transformaram significativamente.<br />

Ao longo do século 0, isto se deu especialmente a partir da difusão crescente<br />

de práticas e de valores democráticos relacio<strong>na</strong>dos à diminuição da ascendência<br />

religiosa sobre a vida munda<strong>na</strong> e à consolidação de um ideário de identidade<br />

individual, o qual faculta aos sujeitos a possibilidade de organizarem suas vidas<br />

com base em escolhas pessoais diante de temas como o trabalho, a experiência<br />

religiosa, a <strong>sexual</strong>idade, a política, o lazer e a família, entre tantos outros.<br />

Trata-se de um longo processo estudado por autores como Norbert Elias<br />

( 990), Georg Simmel ( 988), Michel Foucault ( 977), Anthony Giddens ( 99 )<br />

e David Harvey ( 00 ), entre outros, que mostraram como a modernidade trouxe<br />

mudanças relativas à constituição de sujeitos que buscam se constituir como indivíduos<br />

autônomos em relação a seus vínculos sociais e familiares. Esse processo<br />

está fortemente associado à melhora das condições de saúde e de <strong>educação</strong> da população,<br />

ao aumento da expectativa de vida, ao ingresso massivo das mulheres no<br />

mercado de trabalho, à diminuição das jor<strong>na</strong>das de trabalho, à maior capacidade de<br />

enfrentamento das catástrofes <strong>na</strong>turais e das epidemias etc.<br />

Neste cenário, viver em família continua sendo um componente básico da<br />

vida social, com a diferença significativa de que não existe mais, no interior de<br />

uma mesma sociedade, um modelo de família considerado o único válido e aceitável<br />

para todos. Como disse Michelle Perrot ( 99 ), os indivíduos querem libertar-se<br />

das amarras e dos controles tradicio<strong>na</strong>lmente característicos da família,<br />

mas pretendem, ao mesmo tempo, perpetuá-la como espaço de afetividade, de<br />

segurança emocio<strong>na</strong>l e de compartilhamento de projetos e de expectativas, o que<br />

a caracteriza como uma instituição-ninho.<br />

Por outro lado, não se pode esquecer de que, depois de muitas lutas comandadas<br />

especialmente pelos movimentos feministas e de mulheres, o combate<br />

ao machismo, à misoginia e à homofobia também tem proporcio<strong>na</strong>do<br />

um maior espaço de liberdade para grupos oprimidos, como mulheres, jovens,<br />

crianças e homossexuais. Isto significa dizer que as transformações <strong>na</strong>s relações<br />

de gênero e de gerações talvez sejam as principais responsáveis pelas grandes<br />

mudanças no âmbito da família, expressas <strong>na</strong> diminuição do poder de vida e<br />

de morte por parte do pai sobre os filhos e as filhas, no questio<strong>na</strong>mento da<br />

subordi<strong>na</strong>ção das mulheres aos homens no âmbito do casal e <strong>na</strong> superação do<br />

tabu da homos<strong>sexual</strong>idade (GODELIER, 004).<br />

162

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!