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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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de Debora Britzman ( 99 ). Nele reconheci uma tentativa de refletir sobre a possibilidade<br />

de a teoria queer estar presente num trabalho prático no âmbito escolar<br />

(como um princípio “inspirador” e como integrante de um conjunto de atitudes e<br />

posturas diante do conhecimento e dos sujeitos). O desafio que a autora apontava<br />

pareceu-me compreensível para quem (como eu) atuava/atua profissio<strong>na</strong>lmente <strong>na</strong><br />

área de formação de pedagogas/os e educadoras/res sexuais.<br />

Reconheço que tentar enquadrar a teoria queer, mesmo numa pedagogia que<br />

se proponha ser não-normativa, pode não ape<strong>na</strong>s parecer uma impossibilidade, mas<br />

uma heresia. Sem dúvida, hesito... E tomo emprestado de Louro ( 004: 47) o<br />

questio<strong>na</strong>mento: “Como um movimento que se remete ao estranho e ao excêntrico<br />

pode articular-se com a Educação, tradicio<strong>na</strong>lmente o espaço da normatização e<br />

do ajustamento?”<br />

A questão então está posta: A teoria queer pode tor<strong>na</strong>r-se pragmática? Como<br />

seria uma Educação Sexual baseada nos pressupostos críticos da teoria queer? Como<br />

a teoria queer pode estar presente <strong>na</strong> formação das/os educadoras/res sexuais? Pode<br />

uma professora se autodenomi<strong>na</strong>r “educadora queer”?<br />

Buscando caminhos para estas questões é que apresento a discussão a seguir,<br />

por certo não no sentido de consagrar uma abordagem queer à Educação<br />

Sexual, mas vendo a possibilidade de instigar discussões acerca de posturas e encaminhamentos<br />

pedagógicos, tendo o referencial queer como um ponto de partida<br />

provocador capaz de tor<strong>na</strong>r o ato pedagógico da Educação Sexual infindavelmente<br />

provocativo e instigante.<br />

O contexto atual das discussões de gênero e <strong>sexual</strong>idade pode ser compreendido<br />

como resultante da influência das mudanças sociais e teóricas, ocorridas<br />

no mundo Ocidental, nos últimos anos, proporcio<strong>na</strong>do, especialmente, pelas contribuições<br />

oriundas de movimentos políticos de contestação da dita “normalidade”<br />

(como o feminismo, os movimentos gay e lésbico, os movimentos raciais e étnicos,<br />

os movimentos ecológicos). Louro ( 00 ) afirma que, hoje, as representações que as<br />

históricas “minorias” assumem no contexto social são resultantes tanto do discurso<br />

domi<strong>na</strong>nte, quanto das próprias representações oriundas do interior dos seus movimentos<br />

que, pela visibilidade, gozam ora da aceitação, ora do recrudescimento da<br />

rejeição social de setores tradicio<strong>na</strong>is. Para a autora,<br />

12 No Brasil, a primeira publicação acerca da teorização queer voltada para a Educação, em livro único, foi<br />

editada em 2004. Trata-se de Um corpo estranho: ensaios sobre <strong>sexual</strong>idade e teoria queer, de Guacira Lopes<br />

Louro, que pode ser considerada a pioneira neste assunto, sobretudo por “institucio<strong>na</strong>lizar” a temática,<br />

<strong>na</strong> Linha de Pesquisa “Educação, Sexualidade e Relações de Gênero”, no Programa de Pós-Graduação<br />

em Educação da UFRGS, mostrando como as questões levantadas por essa teorização podem ser consideradas<br />

politicamente relevantes para os cursos de formação de educadoras/es.<br />

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