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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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discrimi<strong>na</strong>ção contra os alunos negros, os alunos pobres, aqueles que são provenientes<br />

de famílias com arranjos bem diferentes do modelo tradicio<strong>na</strong>l, aqueles<br />

com deficiências auditivas, motoras, visuais ou cognitivas, aqueles que são portadores<br />

do vírus HIV, aqueles que demonstram uma orientação <strong>sexual</strong> diversa da<br />

heteros<strong>sexual</strong>, os muito gordos, os feios e tantos outros.<br />

Falar de inclusão, enquanto tratada em nível geral, não traz problemas.<br />

Mas encontramos divergências de todo tipo quando se trata de discutir o que<br />

deve ser feito, como deve ser feito, quando deve ser feito, quem está habilitado<br />

a fazer. As divergências não se dão ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> discussão dos caminhos e dos métodos<br />

para efetuar a inclusão. Há um nível mais problemático de discussão que<br />

diz respeito a quem “merece” ou não ser incluído. Exemplificando: quando se fala<br />

<strong>na</strong> inclusão de alunos surdos, em geral todos os professores, os administradores<br />

do sistema educacio<strong>na</strong>l e as comunidades escolares são favoráveis, e a discussão<br />

se concentra em “como” vamos fazer para incluir estes alunos nos processos de<br />

aprendizagem, que materiais necessitamos para realizar a inclusão, que estratégias<br />

de trabalho temos que aprender para auxiliar estes alunos, que equipamentos<br />

a escola deve ter para fazer o trabalho etc. Ou seja, é claramente uma discussão<br />

acerca de métodos pedagógicos. Mas quando se trata de assegurar a inclusão de<br />

travestis, jovens gueis e jovens lésbicas, a discussão muda de figura, e aparecem<br />

outras questões, habitualmente ligadas às concepções que os professores e as professoras<br />

têm acerca dessas orientações sexuais. Para algumas professoras, a alu<strong>na</strong><br />

lésbica é uma “sem-vergonha”, e o jovem guei um “abusador” em potencial. E<br />

não merecem ser incluídos. Eles deveriam primeiro mudar de comportamento,<br />

para então serem incluídos. O fato revela um pensamento de fundo que articula<br />

as noções de quem merece ser incluído, e quem não merece. Há um código de<br />

valores que precisa ser abordado. Segundo esse código, tem gente que não merece<br />

ser incluído, e quem não merece tem que ser então excluído, o que produz,<br />

muitas vezes, uma exclusão <strong>na</strong> inclusão, situação que a<strong>na</strong>lisarei com mais calma<br />

ao longo do presente artigo.<br />

Minha proposta de abordagem do tema<br />

É acerca deste terreno mi<strong>na</strong>do que este texto quer tratar. Voltando à<br />

figura do campo de tensão, neste artigo a<strong>na</strong>lisarei com mais detalhes o pólo<br />

da escola, das dinâmicas escolares. Vou deixar de lado o pólo do movimento<br />

social, mas sobre ele quero deixar claro que, muitas vezes, falta aos militantes<br />

do movimento pela diversidade <strong>sexual</strong> – em outras palavras, aos militantes<br />

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