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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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mulher” e “não ser homos<strong>sexual</strong>”. O mesmo não ocorreria com as mulheres, que não<br />

precisariam provar, constantemente, “não serem homens” e “não serem lésbicas”, e<br />

nem deixariam de serem “vistas” socialmente como mulheres.<br />

Juntamente com condições como raça, etnia, recursos econômicos, educacio<strong>na</strong>is<br />

e manifestações afetivo-sexuais, somam-se preconceitos e discrimi<strong>na</strong>ções relativos à<br />

condição deficiente, contrapondo-se a padrões do corpo perfeito, belo e saudável, viril<br />

e reprodutor que atingem homens e mulheres em diferentes contextos e dimensões.<br />

Historicamente o comportamento das pessoas em relação à orientação afetiva<br />

e <strong>sexual</strong> foi sempre avaliado tendo como modelo o padrão da heteros<strong>sexual</strong>idade.<br />

Neste sentido, a identificação de determi<strong>na</strong>do indivíduo humano como homos<strong>sexual</strong><br />

ou bis<strong>sexual</strong> reforça a idéia da existência de uma identidade diferente baseada<br />

exclusivamente em uma orientação afetivo-<strong>sexual</strong> que difere da considerada normal.<br />

Essas classificações, inicialmente, tiveram sua base em concepções religiosas associadas<br />

à noção de pecado e em concepções psiquiátricas e médicas associadas à noção<br />

de doença, perversão e desvio (ROUDINESCO, 00 ; SPENCER, 99 ).<br />

Jurandir Freire Costa ( 99 ; 99 ) e Michel Foucault ( 988) defendem a<br />

idéia de que a heteros<strong>sexual</strong>idade e a homos<strong>sexual</strong>idade foram, de certa forma, fenômenos<br />

inventados pela sociedade, tomando como padrão ideal e saudável a heteros<strong>sexual</strong>idade.<br />

A identidade “estranha” e “diferente” só existiria diante da identidade<br />

do não-homos<strong>sexual</strong>, aquela que seria considerada normal. Para Miriam Piber<br />

Campos ( 00 ), da mesma forma, a identidade da pessoa com deficiência só existe<br />

porque há uma outra identidade de não-deficiente, um modelo de “normal” que<br />

inclui um padrão de estética, de um corpo físico e de uma <strong>sexual</strong>idade.<br />

Recentemente, o modo como se classifica a orientação afetivo-<strong>sexual</strong> parece<br />

ser menos influenciado por representações oriundas da visão de mundo religiosa ou<br />

médico-cientificista. Apesar disso, essa influência ainda está presente, e a classificação<br />

segue ocorrendo de uma forma ou de outra.<br />

Jurandir Freire Costa ( 99 : ) defende que a melhor maneira de nos<br />

referirmos às pessoas consideradas homossexuais em relação à sua orientação<br />

afetivo-<strong>sexual</strong> seria pelo uso da expressão homoerotismo, por se tratar esta de<br />

uma expressão “mais flexível e que descreve melhor a pluralidade das práticas ou<br />

desejos dos homens same-sex oriented”. Seja como for, é interessante notar que<br />

o autor acrescenta o seguinte:<br />

282<br />

[...] cada vez que dizemos que “alguém é homos<strong>sexual</strong>”, definimos<br />

a identidade da pessoa, etiquetada por sua preferência eró-

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