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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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1.2. Preconceito e discrimi<strong>na</strong>ção: abordagens<br />

psicológicas e sociológicas<br />

Há vasta literatura científica sobre o preconceito e a discrimi<strong>na</strong>ção, sua <strong>na</strong>tureza<br />

e dinâmica. Esta produção acadêmica pode ser sumariada mediante a indicação<br />

dos dois campos do saber que deles costumeiramente se ocupam, quais sejam, a psicologia<br />

e a sociologia. Apesar de conceitualmente distintos, eles têm sido estudados<br />

conjuntamente, dada sua evidente relação (YOUNG-BRUEHL, 99 ).<br />

1.2.1. Abordagem psicológica<br />

Preconceito é o termo utilizado, de modo geral, para indicar a existência de<br />

percepções negativas por parte de indivíduos e grupos, quando estes expressam, de<br />

diferentes maneiras e intensidades, juízos desfavoráveis em face de outros indivíduos<br />

e grupos, dado o pertencimento ou a identificação destes a uma categoria tida como<br />

inferior. Agregam-se a este conceito, de modo exclusivo, preponderante ou conjugado,<br />

conforme o caso, as notas de irracio<strong>na</strong>lidade, autoritarismo, ignorância, pouca<br />

disposição à abertura mental e inexistência de contato ou pouca convivência com<br />

membros dos grupos inferiorizados (LACERDA, PEREIRA e CAMINO, 00 ).<br />

As abordagens psicológicas, em síntese, buscam <strong>na</strong> dinâmica inter<strong>na</strong> dos indivíduos<br />

as raízes do preconceito. Basicamente, elas podem ser divididas em dois<br />

grandes grupos: as teorias do bode expiatório e as teorias projecionistas.<br />

O primeiro pode ser nomeado como “teorias do bode expiatório”. Diante da<br />

frustração, os indivíduos procuram identificar culpados e causadores da situação que<br />

lhes causa mal-estar, donde a eleição de certos indivíduos e grupos para este lugar.<br />

O segundo grupo, por sua vez, pode ser indicado como “teoria projecionista”.<br />

Os indivíduos, em conflito interno, tentam solucioná-lo, mediante sua projeção<br />

parcial ou completa, em determi<strong>na</strong>dos indivíduos e grupos, razão pela qual lhes<br />

desti<strong>na</strong>m tratamento desfavorável, chegando às raias da violência física, capaz de<br />

alcançar até a pura e simples elimi<strong>na</strong>ção. A projeção trata-se, <strong>na</strong> síntese de Gordon<br />

Allport ( 979: 9 ), um aspecto decisivo <strong>na</strong> psicodinâmica do preconceito, derivada<br />

da vida mental inconsciente.<br />

2 Allport (1979) realizou ampla e sistemática investigação, a partir da psicologia social, acerca de raízes,<br />

dinâmicas, conseqüências e possíveis respostas a diversas manifestações de preconceito. Sua obra The<br />

Nature of Prejudice, de fato, é considerada um clássico nos estudos sobre preconceito.<br />

3 Adorno, Frenkel-Brunswik, Levinson e Sanford (1982) titularizam a pesquisa mais célebre, radicada <strong>na</strong><br />

psicologia social, acerca do preconceito e sua relação com a teoria do bode expiatório. O conjunto de seus<br />

estudos, publicados no relatório The Authoritarian Perso<strong>na</strong>lity, preocupa-se centralmente com o “indivíduo<br />

potencialmente fascista”.<br />

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