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Diversidade sexual na educação ... - unesdoc - Unesco

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perfeccionismo exagerados – não impede que qualquer insucesso do candidato seja<br />

logo traduzido como si<strong>na</strong>l inequívoco de seu “defeito homos<strong>sexual</strong>”. “Só podia ser<br />

gay mesmo!”; “É assim que eles são!”<br />

Alheamento e intolerância selvagem<br />

Outro nítido traço de homofobia se expressa <strong>na</strong> indiferença cultivada em<br />

relação ao sofrimento e aos demais efeitos da homofobia <strong>na</strong> vida de nossos/as estudantes<br />

(homo, hetero ou bissexuais). 7 Na escola, mas não ape<strong>na</strong>s ali,<br />

[c]omo se a homos<strong>sexual</strong>idade fosse “contagiosa”, cria-se uma<br />

grande resistência em demonstrar simpatia para com sujeitos<br />

homossexuais: a aproximação pode ser interpretada como uma<br />

adesão a tal prática ou identidade (LOURO, 999: 9).<br />

Mais do que uma mera indiferença, produto de uma difusa negligência, o que<br />

se vê aqui assume mais os contornos de uma vedação à manifestação de simpatia<br />

ou solidariedade. Uma proibição socialmente sancio<strong>na</strong>da que, entre outras coisas,<br />

contribui para fortalecer os processos de inter<strong>na</strong>lização da homofobia. Uma vez<br />

introjetada, ela pode conduzir a pessoa a se sentir envergonhada, culpada e até merecedora<br />

da agressão sofrida, mantendo-a imobilizada, em silêncio, entregue a seu<br />

destino de pária social. À violência propriamente dita soma-se a “violência simbólica”,<br />

8 fazendo com que a própria vítima contribua para a legitimação da agressão e<br />

favoreça o agressor e os seus difusos cúmplices.<br />

A falta de solidariedade por parte de profissio<strong>na</strong>is, da instituição e da comunidade<br />

escolar diante das mais corriqueiras ce<strong>na</strong>s de assédio moral contra estudantes<br />

LGBT pode produzir ulteriores efeitos nos agressores e nos seus cúmplices. Além<br />

de encorajados a continuarem agindo, aquiescendo ou omitindo-se, são aprofundados<br />

em um processo de “alheamento” que, segundo Jurandir Freire Costa:<br />

35 Sobretudo para as lésbicas, a adoção de práticas compensatórias deriva em grande parte da pressão e da<br />

violência a que estão submetidas no ambiente familiar (ALMEIDA, 2005: 181, 215). São comuns os depoimentos<br />

que apresentam pessoas LGBT como “filhos dedicados”, “irmãs atenciosas”, arrimos de família.<br />

36 Há muitos relatos sobre estudantes “superafetados”, “chamativos demais”, “provocantes”, “irritadiços”, “sempre<br />

prontos para responder à menor insinuação”. Trata-se de alguém em contínuo (e desgastante) estado de alerta,<br />

exter<strong>na</strong>ndo atitudes que, ao invés, mereceriam ser acolhidas como um desesperado pedido de ajuda.<br />

37 O termo “indiferença” é neste caso empregado como sinônimo de ausência de interesse ou preocupação<br />

e não no sentido adotado por Halvorsen (1996), que oportu<strong>na</strong>mente, em outro contexto, refere-se à “visibilidade<br />

indiferente” como resultado da conquista pelos/as homossexuais da igualdade de direitos.<br />

38 Sobre violência simbólica, vide: BOURDIEU, 1983, 1989, 1992 e 1999. Sobre “homofobia interiorizada”,<br />

vide: BORRILLO, 2001: 107-111; CASTAÑEDA, 2007: 142-156.<br />

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