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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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353<br />

Onésimo Teotónio de Almeida<br />

As comunidades <strong>portuguesas</strong> sofrerão igualmente, para bem ou para mal, a<br />

sua inevitável americanização. Se ela aparece como imparável para uma<br />

comunidade agressiva e imensa (38 milhões), como é a hispânica, que dizer-<br />

-se então da nossa, de apenas um milhão, para mais dividida entre duas<br />

costas a seis horas de avião entre si e, ainda por cima, com a nossa ancestral<br />

m aneira de estar, modesta, pouco exigente e nada agressiva, com uma conheci<br />

díssima propensão para esquecer a língua materna? Mas a antropofagia<br />

americana não poderá eliminar as teimosas resistências culturais açorianas e<br />

<strong>portuguesas</strong>, que as há, embora a língua não seja uma delas. Essa resistência<br />

à assimilação total e completa demorará o processo, até porque os tempos<br />

são outros, a atitude americana a esse respeito é agora muito mais tolerante<br />

e as comunicações modernas permitirão um contacto cada vez mais intenso<br />

entre as dez ilhas. Os Açores, entretanto, poderão finalmente olhar com<br />

outros olhos para a América. Com uma comunidade luso-americana crescida<br />

e integrada, o arquipélago poderá libertar-se do complexo de emigração<br />

que sempre atormentou a parte superior da pirâmide demográfica com<br />

parentes próximos na América 29 .<br />

Hoje, fala-se até à exaustão, e às vezes quase à náusea, em globalização, e na<br />

tendência aparentemente contraditória, mas de qualquer modo contrária, de<br />

defesa das identidades regionais. A manterem-se essas tendências, tam bém as<br />

comunidades emigrantes acompanharão esse movimento simultâneo de americanização<br />

e de defesa da sua especificidade, numa luta natural de resistência<br />

à assimilação total. Assim, é bem provável que a L(USA)lândia permaneça,<br />

por muitos mais anos, uma ilha americana profundamente tocada pelos<br />

Açores e com vontade de manter estreitos os laços com o arquipélago.<br />

A L(USA)lândia – a décima ilha<br />

No início da minha experiência luso-americana, na década de 1970, impressionava-me<br />

sobremaneira a auto-segregação operada pela comunidade portuguesa,<br />

provocada sobretudo pelo facto de uma grande maioria <strong>dos</strong> emigrantes<br />

ser de uma vaga muito recente e desconhecer tanto a língua como a<br />

cul tura do país de acolhimento. O termo L(USA)lândia surgiu-me assim<br />

num contexto cultural ilhéu e entrou no título de uma colectânea de crónicas<br />

por mim publicadas, entre 1973 e 1975, no Portuguese Times, semanário<br />

por tuguês que ainda hoje se edita em New Bedford 30 . A princípio grafado

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