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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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<strong>VIII</strong> COMUNIDADES PORTUGUESAS NOS ESTADOS UNIDOS...<br />

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como «LUSAlândia», passei depois a escrever «L(USA)lândia», já que na<br />

reprodução ninguém se preocupava com o USA em negro. A L(USA)lândia<br />

era, pois, essa ilha portuguesa, cercada de América por to<strong>dos</strong> os la<strong>dos</strong>.<br />

Povoada em especial por açorianos, era (e continua ainda em grande parte a<br />

ser) a décima ilha do arquipélago <strong>dos</strong> Açores, bem como a mais ocidental.<br />

Apesar de não ser produto de uma ilha única, ainda assim referi-me a ela,<br />

por simplificação, como uma ilha – a materialização da ínsula mítica de<br />

Antília ou Sete Cidades, a terra lendária que os navegadores portugueses<br />

bus cavam. Por isso, estes enclaves portugueses na América formam, porventura,<br />

uma só ilha, sonhada por milhares e milhares de portugueses, especialmente<br />

os açorianos, que sempre acreditaram que as «ilhas da felicidade»,<br />

as que os Gregos pensavam situarem-se no meio do Atlântico, quiçá os<br />

Açores, estavam, na verdade, muito mais para ocidente.<br />

É dessa altura um texto que, visto em retrospectiva, capta afinal o ambiente<br />

de quase gueto em que a comunidade vivia, se bem que sempre sem se sentir<br />

como tal, pois ela adaptou-se muito bem às estruturas que, ao longo de mais<br />

de um século, haviam sido criadas pelos emigrantes açorianos e portugueses<br />

que a precederam. Peço desculpa ao leitor pela autocitação mas, neste caso,<br />

pa rafrasear a passagem abaixo não permitiria reproduzir com fidelidade o<br />

retrato psicológico da comunidade da época por ela captado:<br />

«LUSAlândia não é um país. Não vem nos compêndios de Geografia. O que não<br />

sig nifica tratar-se duma criação imaginária. Porque a LUSAlândia existe. Como<br />

povo. Ou parte de um povo. Ou, talvez melhor, parte de dois povos. De duas civiliza<br />

ções. De duas maneiras de estar no mundo.<br />

A população da LUSAlândia não está circunscrita a um espaço territorial. Anda<br />

dis persa pelas terras do tio Sam. Unida pela língua e pela cultura que trouxe do<br />

outro lado do Atlântico. Dá pelo nome de «Comunidade Portuguesa <strong>dos</strong> Esta<strong>dos</strong><br />

Uni<strong>dos</strong>». Um enclave geograficamente disperso, unido por um rótulo – português<br />

– que não chega a ser premissa suficiente para a inferência que se lhe justapõe –<br />

comunidade.<br />

O mundo da LUSAlândia é tão diferente do americano como o é do português.<br />

Apesar de, em certos sectores, ser difícil discernir onde um acaba e o outro começa,<br />

no seu todo, a confusão não tem lugar. E, visto da LUSAlândia, o mundo também<br />

é diferente.<br />

As sociologias e antropologias terão de dar muitas voltas aos méto<strong>dos</strong> e pro cessos<br />

de análise para apanharem o fio de Ariadne neste labirinto original. Porque a

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