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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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<strong>VIII</strong> COMUNIDADES PORTUGUESAS NOS ESTADOS UNIDOS...<br />

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mente se pensava vir a ser desempenhado pelo processo migratório não se<br />

tem vindo a concretizar». Ao referir-se ao que há a fazer, o técnico Rui Ja -<br />

cinto precisou ainda mais as conclusões da investigação: «é importante mobilizar<br />

o emigrante no sentido de o transformar de agente de poupança em<br />

agente activo, dinamizador de mudança» 38 .<br />

Os resulta<strong>dos</strong> do estudo só podem ser surpreendentes para quem não<br />

conhece a fundo o que se passa com a emigração, nem a que níveis se processa<br />

a aculturação do emigrante ou de qualquer pessoa que, por qualquer<br />

motivo, deixa uma cultura para, definitiva ou temporariamente, se integrar<br />

noutra. Porque tenho escrito e falado já tantas vezes sobre esse tema nas suas<br />

diversas facetas, não gostaria de vir repetir-me aqui 39 . Adiante, ao tratar mais<br />

especificamente o problema da aculturação, aproveitarei mesmo certas afirma<br />

ções algo desfocadas de Vitorino Nemésio 40 sobre os emigrantes da Ter -<br />

ceira para sugerir uma visão diferente do processo. Com efeito, no seu fa mo -<br />

so texto O Açoriano e os Açore», o extraordinário escritor e conhecedor das<br />

ilhas sugeria que o terceirense emigrado na América não pode estrangeirar-se<br />

pois, no fundo, fica o que era, quedando-se a sua americanização<br />

apenas em aspectos periféricos do seu modo de ser. Imensamente perspicaz,<br />

que o era, Vitorino Nemésio acertou. Mas, provavelmente por só conhecer<br />

bem o emigrante terceirense, não se apercebeu de que esse fenómeno da<br />

aculturação superficial se não retringe aos emigrantes da sua ilha, antes se<br />

estende a to<strong>dos</strong> os açorianos, portugueses, ou de qualquer país do mundo.<br />

Nessa secção apontarei de modo genérico algumas das razões por que assim<br />

acontece. Aqui, fixar-me-ei nessa tão intuitiva afirmação de Nemésio sobre<br />

o emigrante terceirense, e generalizando-a (como me parece mais correcto) a<br />

todo o emigrante: nas palavras do próprio Nemésio, o emigrante «não pode<br />

estrangeirar-se»: «no fundo, ficou o que era.»<br />

Ocupar-me-ei, assim, a tentar sugerir alguns porquês desse fenómeno, evitando,<br />

porém, análises fastidiosas de minúcias que não vêm ao caso.<br />

As ciências cognitivas, que procuram estudar o funcionamento do cérebro e<br />

o processo de aquisição de conhecimentos e de cultura em geral, estão ainda<br />

na sua infância, apesar de já existirem há um século. Hoje, elas constituem<br />

um <strong>dos</strong> pólos científicos mais excitantes e onde se vêm realizando trabalhos<br />

de ponta ou de vanguarda. Um livro (já não muito recente) define no seu tí -<br />

tu lo este ramo da ciência: The Brain – The Last Frontier 41 . Essa última fron-

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