VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos
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Onésimo Teotónio de Almeida<br />
televisão, à Internet e aos telefonemas a tornarem-se sempre mais baratos –<br />
daí podermos falar do Rio Atlântico 36 –, apesar de tudo enraiza<strong>dos</strong> no chão<br />
americano em to<strong>dos</strong> os aspectos da vida. Formaram-se múltiplos núcleos,<br />
ainda bastante distantes entre si, sem muito que os congregue a nível nacional,<br />
à semelhança <strong>dos</strong> Açores onde, antes de se tornarem uma Região<br />
Autónoma, cada ilha vivia como que fechada em si mesma. Contra eles joga<br />
a geografia.<br />
Graças aos novos canais de comunicação e à facilidade de mobilidade que<br />
proporcionam, muitos <strong>dos</strong> membros destas comunidades atravessam, com<br />
fre quência, caminhos e acontecimentos, quer nos Açores, quer nas Comu ni -<br />
da des, e, através <strong>dos</strong> jornais acessíveis a to<strong>dos</strong> na Internet, podem ler-se mu -<br />
tuamente ou acerca uns <strong>dos</strong> outros. A maioria deles sente-se açoriana e portu<br />
guesa, mas também partilha o sentido de pertença a esta imensa<br />
L(USA)lândia e ao continente onde ela se situa. Para muitos, quarenta anos<br />
são mais de metade da vida. É consabido que as deslocações em termos geográ<br />
ficos acarretam desorganização de identidade. Daí elas não escaparem à<br />
regra.<br />
Que um vulcão tenha sido capaz de atirar uma imensidade de gente para<br />
mil hares de quilómetros da terra de origem poderia ser paralisante. Vitorino<br />
Nemésio, contudo, já tinha captado a noção de quanto os Açores estão à<br />
mercê da geografia, na sua célebre frase: «Para nós a geografia conta tanto<br />
quanto a história» 37 . Mas a história açoriana está pejada de capítulos de<br />
sobrevivência na terra, como de adaptação ao novo mundo.<br />
Estruturas culturais profundas<br />
Foram em tempos divulgadas pela imprensa as conclusões de um estudo<br />
sobre a problemática do regresso e reinserção de emigrantes, realizado conjuntamente<br />
pela Secretaria de Estado das <strong>Comunidades</strong>, pela Comissão de<br />
Coordenação da Região do Centro e pela Cáritas Diocesana de Coimbra.<br />
Segundo a notícia, o estudo concluiu que a maior parte <strong>dos</strong> emigrantes que<br />
regressa a Portugal aplica o seu dinheiro em investimentos improdutivos, ou<br />
não o investe. Mais ainda, revelou o estudo que os emigrantes regressa<strong>dos</strong><br />
não têm suscitado na sociedade portuguesa a dinâmica que se esperava. Nas<br />
pa lavras de um <strong>dos</strong> técnicos da CCRC, «o papel modernizador que inicial-