VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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Onésimo Teotónio de Almeida
63 Os filhos de emigrantes que se afastam do seio da comunidade perdem mais facilmente a
lín gua e as marcas da cultura dos pais, mas isso permite-lhes uma mais rápida inserção no
meio americano. O caso paradigmático que costumo mencionar é o da fenomenal ascensão
socioeconómica de um filho de emigrantes do Pico, nascido em Martha’s Vineyard, William
Wood, e que, no primeiro quartel do século XX, se tornou um dos mais poderosos industriais
da Nova Inglaterra. Ver Eduard G. RODDY, Mills, Mansions, and Mergers: The Life of
William M. Wood (North Andover, MA, Merrimack Valley Textile Museum, 1982).
64 Está por fazer a história do intercâmbio levado a cabo durante as décadas na segunda
metade do século XX, pelo navio Pauline Maria, que manteve carreiras regulares entre New
Bedford, Massachusetts, os Açores e Portugal Continental.
65 Para mais elementos sobre a influência do inglês americano no léxico dos Açores, vejam-
-se os seguintes trabalhos: Naír Odete da Câmara BORGES, Influência anglo-americana no falar
da ilha de S. Miguel (Açores), Coimbra, Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra/
/Instituto de Estudos Românicos, 1960; Luiz da Silva RIBEIRO, «Americanismos na linguagem
dos Açores», in Portucale, 14 (1941), pp. 131-133; Machado SERPA, «A Fala das Nossas
Gen tes: Calafonismos», in Correio da Horta, 3693 (21.9.1944), 3721 (25.11.1944); e, do
mesmo autor, «A Fala das Nossas Gentes. Vocabulário baleeiro», in Correio da Horta, 3975
(8.9.1945), 4081 (17.1.1946).
66 O romance Já não Gosto de Chocolates, de Álamo Oliveira, está definitivamente neste gru -
po (Lisboa, Salamandra, 1999). Dele saiu também uma tradução inglesa, da responsabilidade
de Diniz BORGES e Katherine BAKER, com o título I No Longer Like Chocolate (San Jose,
CA, Portuguese Heritage Publications of California, 2006). O romance de João de MELO,
Gente Feliz com Lágrimas (Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1988), cobre também a experiência
emigrante no Canadá. Outros exemplos são os poemas, com apenas o título em
inglês, My Californian Friends, de Vasco Pereira da COSTA (Viseu Palimage e Providence, RI,
Gávea-Brown, 1999), e ainda os diários de Cristóvão de AGUIAR, Nova Relação de Bordo
(Lisboa, Publicações Dom Quixote, 2004) e Dias de MELO, Das Velas de Lona às Asas de Alu -
mínio (Lisboa, Salamandra, 1990). Para uma amostra do que sobre a emigração a literatura
açoriana reflecte, pelo menos no que à poesia diz respeito, veja-se Nem Sempre a Saudade
Chora: Antologia de poesia açoriana sobre a emigração, coordenação de Diniz Borges (Horta,
Direcção Regional das Comunidades/Presidência do Governo da Região Autónoma dos
Açores, 2004). Sobre esta questão debrucei-me particularmente em «A osmose literária açor-
-americana – o caso de My Californian Friends, de Vasco Pereira da COSTA, in Margem, n. 14
(Dez. 2002), pp. 16-22. Este é, aliás, um dos temas centrais do estudo de Carmen Ramos
VILLAR, The Metaphorical «Tenth Island» in Azorean Literature: The Theme of Emigration in
the Azorean Imagination (Lampeter, Edwin Mellen Press, 2006).
67 É sobretudo fruto de duas: a minha própria, que tenho recolhido ao longo dos anos (eliminei
quase todas as anotações), e a de Carlos Almeida, que cobre sobretudo a Califórnia.
Ver Carlos ALMEIDA, Portuguese Immigrants (San Leandro, CA, The Supreme Council of U.
P. E. C., 1978).
68 Um dia, um americano, sabendo-me interessado nestas questões, veio revelar-me que viera
dos Açores ainda criança e que o pai, por causa da discriminação sofrida, lhe mudara o
nome para Bruce Adams, tendo feito o mesmo com o resto da família. Confessou-me não