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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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<strong>VIII</strong> COMUNIDADES PORTUGUESAS NOS ESTADOS UNIDOS...<br />

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grandes feitos nem publicidade à volta <strong>dos</strong> que realiza – porque também os<br />

realiza! —, a dar razão à imagem corrente de uma comunidade discreta e que<br />

trata da sua vida decente e ordeiramente. Mas bastaria eu ler um exemplar<br />

do Boston Globe para acordar desta tentação de idealizar o carácter pacífico,<br />

ordeiro e cumpridor das nossas comunidades emigrantes. Em New Bedford,<br />

um tal Almeida, de 49 anos, feriu a tiro a ex-mulher e uma amiga desta, uma<br />

delas pelo menos também portuguesa – Lisa Monteiro –, já que a notícia<br />

não esclarece se a ex-mulher é portuguesa. Beth Almeida pode ter esse (meu)<br />

nome só por causa do marido. Ele, Joaquim chamado, é português.<br />

A assimilação pelo mainstream, tão visível na lista <strong>dos</strong> casamentos, tem<br />

vindo a dar-se pelo lado mais noticiável da vida – o do crime. Infelizmente,<br />

não se trata apenas de envolvimento no «pequeno» crime passional. To<strong>dos</strong><br />

sabemos <strong>dos</strong> grupos liga<strong>dos</strong> ao comércio da droga, a partir sobretudo de<br />

New Bed ford. Mas, para nos cingirmos apenas ao Providence Journal,<br />

nestes últimos meses um nome português andou nas primeiras páginas e<br />

vai continuar ainda por algum tempo. O juíz Almeida, durante tantos anos<br />

na lista de figuras de destaque da comunidade luso-americana, viu exposto,<br />

na TV e nos jornais, o seu escandaloso envolvimento em situação de<br />

suborno. E ainda bem, para os portugueses, que o Mayor da cidade de<br />

Pawtucket, Brian Sarault, só costumava gabar-se da sua metade lusa (por<br />

parte da mãe, daí não se lhe notar no nome), nas festas <strong>portuguesas</strong>.<br />

Aos americanos, ele escondia essa faceta. Agora, expostos também os seus<br />

lucros recebi<strong>dos</strong> por extorsão, o Providence Journal e a TV não recordam aos<br />

leitores e telespectadores a sua origem lusa. Situação idêntica ocorreu num<br />

outro caso, não criminoso mas etnicamente feio, que ganhou projecção<br />

nacional e transmissão directa para todo o país – o caso <strong>dos</strong> Credit Unions<br />

de Rhode Island —, tinha apenas um nome português, diluído entre a vasta<br />

maioria italiana, num Estado onde eles predominam na política. Mas,<br />

porque este é também o Estado da União, em cujo Senado a presença portuguesa<br />

é mais elevada, a sua imagem não deixou de ser algo afectada, apesar<br />

de tudo.<br />

Estes reveses, todavia, podem ter para nós outro significado: o de que as<br />

comunidades <strong>portuguesas</strong> vão, lenta mas seguramente, sendo assimiladas<br />

pelo American mainstream, a to<strong>dos</strong> os níveis e dimensões: no poder e na<br />

corrupção; nas virtudes e nos defeitos; no melhor e no pior do American<br />

way of life.

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