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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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Onésimo Teotónio de Almeida<br />

teira diz respeito à história do conhecimento do ser humano, pois que, em<br />

outras áreas da ciência, atravessa-se hoje um período de extraordinários avanços<br />

e abrem-se novas fronteiras até há pouco impensáveis.<br />

Refiro-me a ciências cognitivas no plural porque elas são, de facto, plurais.<br />

Trata-se de um caso fascinante de actividade interdisciplinar em que o objec -<br />

to de estudo é bem específico – o cérebro —, mas as abordagens e os contributos<br />

vêm de diversas áreas, como a neurociência, a psicologia, a linguística,<br />

a filosofia, a antropologia e a inteligência artificial. Apesar da avalanche de<br />

livros e artigos altamente sofistica<strong>dos</strong> que constantemente surgem, estes últimos<br />

em milhares de publicações no mundo inteiro, ainda sabemos muito<br />

pouco sobre o misterioso labirinto de surpresas que é o cérebro.<br />

Mas voltemos aos emigrantes. Que têm eles a ver com tudo isso, para além<br />

do facto de muitos deles trabalharem na construção, no conserto e na limpeza<br />

de laboratórios, gabinetes e salas onde esses estu<strong>dos</strong> se realizam, sem<br />

terem qualquer noção do que nesses lugares se faz, e também sem qualquer<br />

interesse em procurar sabê-lo?<br />

O que se passa com eles, no que respeita à aprendizagem de uma nova lín -<br />

gua e assimilação de uma nova cultura, pode permitir-nos importantes avanços<br />

no entendimento <strong>dos</strong> processos de funcionamento do cérebro humano.<br />

Assim, em excursão panorâmica apenas, vejamos primeiro o fenómeno da<br />

aprendizagem da língua.<br />

A primeira grande constatação é que, na sua grande maioria, os emigrantes<br />

não aprendem bem a língua do país para onde emigram. Claro que existem<br />

diferenças de grau, visto aprenderem-na melhor aqueles que se matriculam<br />

em aulas especificamente para esse efeito, bem como aqueles que vivem em<br />

áreas onde há poucos portugueses e, por isso, se vêem na necessidade de<br />

comunicar com falantes da outra língua. Em muitos casos, essa necessidade<br />

reduz-se apenas às horas de trabalho, mas é um factor considerável.<br />

Para não ficar apenas em generalizações abstractas, apontarei alguns exemplos<br />

da nossa emigração recente. Se compararmos grupos de emigrantes com<br />

idêntico grau de escolaridade, aprenderam mais inglês os primeiros emigran -<br />

tes que foram para o Canadá – porque viviam em áreas onde quase não<br />

havia portugueses – do que os actuais que, ao chegaram a Toronto ou, no

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