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VIII. Comunidades portuguesas dos Estados Unidos

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<strong>VIII</strong> COMUNIDADES PORTUGUESAS NOS ESTADOS UNIDOS...<br />

380<br />

Afinal, nada mais pretendo com estas notas do que defender a atitude sadia<br />

de respeitar essas quase-leis da natureza de que o mundo que foi o nosso fica<br />

connosco e não é necessário rejeitá-lo. Se cada vez mais, no mundo de hoje,<br />

os horizontes de cada um se devem alargar, é humanamente sadio que isso se<br />

faça sem se ter de decepar parte de nós. Porque, no fundo, o emigrante não<br />

emigra. Simplesmente alarga fronteiras. E se nem sempre parece assim, seria,<br />

ao menos, bom que fosse. Porque pode sê-lo.<br />

A (quase ausência de) influência americana nos Açores<br />

Espera-se, muitas vezes, que a profunda relação entre os Açores e os Esta<strong>dos</strong><br />

Uni <strong>dos</strong> tenha deixado marcas profundas na cultura de origem, até porque,<br />

para além do vaivém incessante de emigrantes, agora intensamente activado<br />

pelos voos da SATA, existe, há mais de meio século, uma presença americana<br />

na Base das Lajes, ilha Terceira. A americanização da cultura açoriana não é,<br />

todavia, ao contrário do que se poderia esperar depois de quase dois séculos<br />

de emigração para os Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>, um fenómeno marcante da cultura<br />

aço riana, sobretudo porque se trata de uma migração unidireccional e de fi -<br />

xação definitiva, com um número pouco significativo de regressos. Sem dú -<br />

vida, a influência da América na economia local tem sido considerável, na<br />

medida em que tem permitido um escape para excessos populacionais das ca -<br />

madas mais desfavorecidas, em perío<strong>dos</strong> de crise económica ou depois de tragédias<br />

sísmicas. Além disso, a economia do arquipélago recebe o influxo contínuo<br />

das remessas <strong>dos</strong> emigrantes, bem como <strong>dos</strong> chama<strong>dos</strong> tu rismo e<br />

mer cado de saudade. É incalculável ainda o montante de produtos americanos<br />

trazi<strong>dos</strong> pelos emigrantes e pelos açorianos que à América vão de visita,<br />

ou que regularmente são remeti<strong>dos</strong> para Portugal 64 . Mas a adopção propriamente<br />

dita de características culturais norte-americanas, essa manteve-se su -<br />

perficial até há relativamente pouco tempo. A americanização que, uma dé -<br />

cada após o 25 de Abril, se foi tornando mais e mais notória, pas sando de<br />

um anti-americanismo generalizado a um grande interesse pela Amé rica, so -<br />

bretudo entre as camadas jovens, não procede por via da emigração. Ela<br />

provém da adopção do modelo das classes médias e superiores portu guesas<br />

que, por sua vez, o importam da Europa, onde a modernização passa cada<br />

vez mais pela assimilação de certas facetas fundamentais do Ame ri can way of<br />

life. No caso <strong>dos</strong> Açores, eles são uma pirâmide inclinada com o vértice a<br />

tender para a Europa e a base voltada para a América. As classes mé dia e alta

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