Suênio - pos-graduacao - Uepb
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omances diz respeito ao uso da narrativa em primeira pessoa. Ambos <strong>pos</strong>suem<br />
uma protagonista feminina que são as próprias narradoras de suas histórias. Elas<br />
escolhem o isolamento, partindo para ambientes reclusos, onde o contato social seja<br />
o mínimo <strong>pos</strong>sível. Assim, elas podem meditar, refletir, na tentativa de compreender<br />
as próprias vidas. Foi pertinente observar que a auto-reclusão dessas personagens<br />
toma espaço em lugares que elas passaram momentos da infância, onde se<br />
formaram enquanto sujeito, e que nesse momento de crise de identidade, torna-se<br />
essencial revisitá-los.<br />
Não se pode deixar de perceber a importância que essas narradoras exercem<br />
na construção desses textos literários. O fluxo de consciência dessas personagens<br />
são os responsáveis pela estruturação das narrativas. Tanto Atwood quanto Luft<br />
dão voz à mulher (a narradora) para que essa, influenciada por um contexto<br />
claramente feminista, <strong>pos</strong>sa expressar seus sentimentos, suas emoções e seus<br />
desejos. Vale lembrar que foi nas décadas de 70 e 80 que a crítica feminista e os<br />
estudos sobre a mulher se fortaleceram, influenciados pelo desencadeamento da<br />
segunda onda do feminismo, a partir da década de 60.<br />
Sendo esta pesquisa de caráter teórico-interpretativo, a sua realização só foi<br />
<strong>pos</strong>sível a partir da escolha dos romances para o objeto de estudo, tendo início com<br />
a leitura aprofundada de ambos. Concomitante a essas leituras, o levantamento da<br />
teoria comparada e da utopia e distopia estava sendo realizado, para então<br />
estabelecer a análise comparativa. Assim, esta dissertação encontra-se dividida em<br />
três capítulos.<br />
No primeiro capítulo, intitulado “A mulher e a literatura”, objetivamos,<br />
inicialmente, apresentar um breve histórico da participação das mulheres na<br />
literatura, que até o século XIX, era restrita aos homens. Por razões históricas e<br />
culturais, a mulher era considerada “intelectualmente inferior” ao homem, sendo<br />
muito difícil para escritoras adentrarem no mundo da literatura. Pelo fato de poucos<br />
nomes de mulheres escritoras constarem no cânone literário, predominantemente<br />
masculino, a partir do movimento das mulheres e da crítica feminista, gru<strong>pos</strong> de<br />
estudiosos vêm se ocupando em resgatar textos de autoria feminina, por muito<br />
marginalizada do cenário literário.<br />
Apesar da existência de mulheres escritoras na tradição inglesa desde 1342,<br />
como é registrado por Gilbert e Gubar (1985) em The Norton Anthology of<br />
Literature by Women, de acordo com essas autoras, a tradição literária feminina