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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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sistematicamente, a menosprezou sob o argumento de que foi e<br />

continua sendo uma produção deficitária ou inferior em relação ao<br />

perfil de realização de obras modelares, coincidentemente, de autoria<br />

masculina. Trata-se, portanto, de dar visibilidade à autoria feminina e<br />

assim, reconstruir a voz da mulher e suas representações no<br />

contexto da natureza gendrada da autoridade/paternidade cultural<br />

que funda o prestígio da função autoral.<br />

O resgate da literatura de autoria feminina no Brasil, ganha força a partir da<br />

década de 80, mais precisamente em 1984, com a criação do Grupo de Trabalho<br />

(GT) A Mulher na Literatura da ANPOLL. Um dos eixos mais expressivos do GT<br />

consistia e, ainda consiste, em resgatar os textos produzidos por escritoras<br />

brasileiras marginalizadas do cânone da literatura nacional. Nos últimos vinte anos,<br />

observamos que houve um grande interesse em investigar os textos escritos por<br />

mulheres, o que representou um considerável aumento de discussões e publicações<br />

sobre o tema, em congressos em todo o país.<br />

A elaboração da antologia, Escritoras brasileiras do século XIX (1999), sob<br />

a organização de Zahidé Muzart, representou uma consolidação do resgate da<br />

produção literária de autoria feminina no Brasil. Publicada pela Editora Mulheres, a<br />

antologia reúne parte da obra de 52 escritoras nascidas até 1860, e que até então,<br />

se encontravam no anonimato. Em 2004, o segundo volume da antologia<br />

contemplou as escritoras que publicaram seus escritos na virada do século XIX para<br />

o XX.<br />

É pertinente mencionar o estudo desenvolvido por Constância Duarte (2005)<br />

que faz uma reflexão sobre a trajetória do movimento feminista no Brasil e também<br />

da literatura de autoria feminina. Duarte divide o feminismo brasileiro em quatro<br />

momentos-ondas, cujos períodos se iniciam nas décadas de 1830, 1870, 1920 e<br />

1970, respectivamente. Para cada momento-onda, a estudiosa destaca uma<br />

escritora de grande representatividade: Nísia Floresta (1810-1885), Josefina Álvares<br />

de Azevedo (1851-?), Bertha Lutz (1894-1976) e Rose Marie Muraro (1930 -).<br />

Retomando a pergunta da citação de abertura deste capítulo: “Afinal, escrita<br />

tem sexo?”, é interessante destacar a opinião de Branco (1991) que afirma que sim.<br />

Para a autora, se há formas diferentes de ser, pensar e retratar o mundo, através de<br />

uma visão masculina ou feminina, é <strong>pos</strong>sível dizer que existe sim uma modalidade<br />

feminina de escrita. “A escrita feminina não é exatamente considerada a escrita das<br />

mulheres, mas está sempre relacionada à mulher” (BRANCO, 1991, p. 20).<br />

Relacionado à mulher não quer dizer, necessariamente, produzido apenas por

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