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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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Mencione-se mais uma vez, como vem sendo enfatizado desde a introdução<br />

deste trabalho, que Surfacing e As parceiras não constituem formalmente,<br />

romances dos gêneros das distopias literárias, embora apresentem características<br />

distópicas.<br />

Tendo sido constatados esses aspectos distópicos que permeiam os<br />

universos ficcionais em questão, configurados a partir das relações intersubjetivas e<br />

de gênero tecidas no seio das famílias que se esfacelam e condenam a mulher ao<br />

confinamento em formas de ser extremamente limitadas, tentamos caracterizar e<br />

mapear mais detalhadamente tais aspectos no sentido de obtermos êxito em nossos<br />

esco<strong>pos</strong>, ou seja, apresentarmos contribuição acadêmica e intelectual no âmbito dos<br />

estudos comparativos, interculturais e literários, compreendendo tal contribuição<br />

como fomentadora de novas formas <strong>pos</strong>síveis de relacionamentos humanos e<br />

sociais mais pacíficas e libertárias.<br />

O primeiro aspecto distópico que verificamos na nossa comparação, diz<br />

respeito à representação da família como uma instituição distópica. Tanto em<br />

Surfacing quanto em As parceiras, as protagonistas são oriundas de contextos<br />

decadentes onde os laços familiares praticamente não existem.<br />

Em Surfacing e As parceiras, a distopia configura-se, também, a partir dos<br />

relacionamentos humanos, principalmente, nas relações de gênero, nas quais<br />

verificamos uma dominação do masculino sobre o feminino, que nos remete às<br />

características encontradas nas distopias feministas que delineiam um “mau lugar”<br />

para as mulheres. Nas sociedades distópicas, as mulheres são oprimidas,<br />

escravizadas e controladas pela sexualidade. É nesse ponto que as semelhanças<br />

entre os romances de Atwood e Luft se cruzam.<br />

Um outro aspecto distópico verificado em ambos os romances refere-se à<br />

experiência traumática do aborto vivenciada pelas duas protagonistas. Como se viu,<br />

aqui a configuração da distopia parece efetivar-se entrelaçada com uma forte marca<br />

de pertencimento de ambas as personagens a um universo identitário, diria até<br />

ontológico, calcado na apresentação do corpo. O desejo de desempenhar<br />

plenamente o papel social e/ou natural vê-se frustrado e deixa seqüelas indeléveis<br />

nos universos psicológicos das personagens.<br />

Diante do aborto cometido, a protagonista de Surfacing cria uma versão<br />

falsa para tal fato, assimilando-a em seu inconsciente na tentativa de amenizar o<br />

trauma. Em As parceiras, Anelise sofre sucessivos abortos de forma natural. Na

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