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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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sofrem nas sociedades patriarcais e que são recorrentes nas distopias. Portanto, o<br />

texto de Atwood, informado pelas políticas feministas e questões de gênero, revela<br />

elementos distópicos, a partir da dominação do masculino sobre o feminino.<br />

A narradora de Surfacing imagina algo difícil de conceber, mas percebemos<br />

que ela reage dessa maneira para atenuar o sofrimento que vivenciou. Do mesmo<br />

modo, que ela cria imagens para os livros de contos infantis que ilustra, cria também<br />

uma falsa história para substituir a dura realidade de seu passado, deixando essa<br />

realidade distópica da vida transparecer nos seus desenhos considerados<br />

“assustadores”.<br />

O fim do relacionamento e a experiência do aborto fazem da narradora uma<br />

mulher traumatizada e sem sinceridade nas emoções. No seu silêncio absoluto,<br />

sente-se culpada por sua atitude: “Leaving my child, that was the unpardonable sin<br />

[...]” (p. 29).<br />

Atwood oferece uma pista sobre a história da narradora quando apresenta um<br />

diálogo entre ela e Anna. A narradora se dá conta que nunca falou a respeito desse<br />

<strong>pos</strong>sível filho nem à amiga nem ao atual namorado, Joe: “I’ve never told her about<br />

the baby, I haven’t told Joe either, there’s no reason to” (p. 48). A inexistência de<br />

uma foto desse filho reforça ainda mais as contradições acerca de sua real<br />

existência.<br />

Mais adiante, o leitor tem uma outra pista de que as lembranças da<br />

protagonista não são totalmente confiáveis. A mesma tem consciência das<br />

incoerências da sua mente:<br />

I have to be more careful about my memories, I have to be sure<br />

they’re my own and not the memories of other people telling me what<br />

I felt, how I acted, what I said: if the events are wrong the feelings I<br />

remember about them will be wrong too, I’ll start inventing them and<br />

there will be no way of correcting it, the ones who could help are<br />

gone. I run quickly over my version of it, my life, checking it like an<br />

alibi […]” (p. 73).<br />

É a partir do capítulo dezessete que as contradições na mente da narradora<br />

começam a ser esclarecidas para o leitor. Seguindo pistas como um mapa e<br />

fotografias de pinturas primitivas sobre pedras, a protagonista acredita que<br />

desvendará o mistério que cerca o desaparecimento de seu pai ao mergulhar no<br />

lago indicado no mapa. Parece que o mergulho nesse lago serve para ela se livrar<br />

do horror da verdade do passado que ela fez tanto esforço para suprimir. Verdade

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