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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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quinta e última gravidez, a protagonista torna-se mãe, no entanto, com uma breve<br />

duração de dois anos. Com a morte do filho, Anelise encontra-se em uma depressão<br />

profunda. A personagem atribui seu malfadado destino a um “jogo de azar” em que<br />

todas as mulheres são perdedoras da vida distópica.<br />

As semelhanças entre Surfacing e As parceiras não param por aí. As<br />

protagonistas embarcam em dois ti<strong>pos</strong> de viagem. Inicialmente, elas se deslocam<br />

geograficamente. O destino de ambas são lugares na natureza, longe da cultura.<br />

Tais lugares são ambientes de suas raízes familiares. Nesses lugares, elas dão<br />

início a ritos de passagem, embarcando agora numa viagem psicológica,<br />

evidenciando todos os traumas do passado.<br />

Semelhantemente, as protagonistas de Surfacing e As parceiras escolhem o<br />

auto-exílio para reavaliarem suas vidas. Entretanto, os desfechos das narrativas se<br />

apresentam de modos diferentes. Os romances analisados, detentores que são de<br />

todas as características contraditórias da literatura pós-moderna, deixam o final de<br />

suas história em aberto.<br />

O fim do enredo de Surfacing constitui, paradoxalmente, um recomeço. A<br />

protagonista, que um dia se fechou para o mundo por não saber lidar com os<br />

traumas, no encontro harmônico com a natureza, descobriu-se uma nova pessoa<br />

capaz de viver agora por inteiro, sem superficialidade nas emoções. A <strong>pos</strong>sibilidade<br />

de estar grávida representa para a protagonista uma esperança de mudar suas<br />

atitudes até então. O nascimento desse filho simboliza o renascimento da própria<br />

protagonista como mulher que emerge para o mundo civilizado recusando-se a ser<br />

uma vítima da sociedade patriarcal.<br />

Contrariamente a Surfacing, o pessimismo que permeia toda a narrativa de<br />

As parceiras permanece até o seu final. Diferente da heroína do romance de<br />

Atwood, Anelise, assumindo um papel de vítima, não consegue (ou não prefere)<br />

encontrar uma saída para tanto infortúnio. O fim da história também é ambíguo,<br />

sendo sugerida a repetição de um <strong>pos</strong>sível suicídio. No último dia da semana de seu<br />

isolamento, coincidentemente, temos um encerramento de um ciclo. Finalmente,<br />

Anelise encontra a mulher misteriosa, a sua parceira, que pelo texto, nos dá a<br />

impressão de ser sua avó Catarina, a primeira vítima de todos os infortúnios da<br />

família Sassen.<br />

As diferenças no final das narrativas dos romances analisados tornam-se<br />

mínimas numa comparação intercultural como propôs este trabalho. Surfacing e As

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