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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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Lauro nasce, um homem numa família de mulheres, aparentemente saudável, mas<br />

devido a um acidente na hora do parto, o menino sofre uma lesão cerebral que o<br />

deixaria em estado vegetativo até os dois anos de idade. O sonho da maternidade<br />

demorou, no entanto, veio com uma grande decepção:<br />

Não me tranquei num sótão porque não havia nenhum no<br />

apartamento, e porque não podia deixar o meu filho: teria de levá-lo<br />

junto, e tudo continuaria a mesma. Meu sótão era eu mesma: quase<br />

não saía de casa, não me afastava da cama de Lalo. Não comentava<br />

sua doença com ninguém, procurava não ter de mostrá-lo a<br />

nenhuma amiga, a princípio elas vinham condoídas, mas meu<br />

mutismo acabou afastando quase todas (p. 104) (grifo do autor).<br />

O nascimento de um filho que tem um prazo curto de vida torna-se um<br />

elemento distópico na vida de Anelise. Diante dessa situação, ela se fecha para o<br />

mundo, criando um sótão em si mesma. Certa de seu destino, Anelise, afastada das<br />

pessoas, vive apenas para fazer companhia ao filho doente, durante seus poucos<br />

anos de vida. Para ela, “Era mais fácil o isolamento” (p. 105).<br />

Lauro realmente não conseguiria sobreviver nessa família apenas de<br />

mulheres, que estavam fadadas a viverem na infelicidade. Na família Sassen, os<br />

únicos homens que entraram foram por intermédio do casamento ou no caso de<br />

Otávio pela adoção. Com a morte do filho, Anelise se encontra em uma profunda<br />

depressão. Otávio a aconselha fazer uma viagem de descanso. Semanas depois,<br />

ela pega seu carro com o cachorro no banco de trás, deixa um bilhete para Tiago e<br />

segue em direção ao Chalé.<br />

Essa atitude de Anelise pode ser explicada por Freud (1980, p. 96) quando<br />

ele explica que contra o sofrimento:<br />

[...] a defesa mais imediata é o isolamento voluntário, o manter-se à<br />

distância das outras pessoas. A felicidade passível de ser<br />

conseguida através desse método é, como vemos, a felicidade da<br />

quietude. Contra o temível mundo externo, só podemos defender-nos<br />

por algum tipo de afastamento dele, se pretendermos solucionar a<br />

tarefa por nós mesmos.<br />

Para qualquer lugar que Anelise vá, no intuito de fugir dos problemas, todos<br />

os problemas e traumas a acompanharão, através das lembranças do passado. Ao<br />

invés da reclusão, adaptar-se à realidade distópica seria, portanto, a melhor<br />

alternativa.

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