Suênio - pos-graduacao - Uepb
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sociedade muito liberal, o que não é verdade: temos muito preconceito”. 4 Na obra<br />
ficcional de Luft, as principais vítimas desse preconceito são as mulheres.<br />
Helena (1989) ainda destaca um aspecto bastante comum nos romances de<br />
Lya Luft. Diferentemente das narrativas de Atwood, nos romances luftianos não<br />
ficam claros para o leitor os contextos social, geográfico e cultural. “Há constantes<br />
referências a avós e bisavós alemães [...], o que situa, para leitores brasileiros, a<br />
ação das obras no sul do país [...]” (1989, p. 107).<br />
A falta de uma contextualização mais evidente do Brasil na obra de Lya Luft é<br />
um aspecto que a difere quando comparada com as narrativas de Atwood. Mesmo<br />
assim, vale assinalar que embora “[...] a obra de Luft em nenhum momento aborde<br />
explicitamente a condição latino-americana e terceiro mundista, sua ficção trata<br />
incessantemente do tema das mulheres [...]” (HELENA, 1989, p. 108). Nesse<br />
sentido, esse perfil feminino tão recorrente nos romances luftianos da década de 80,<br />
pode representar a mulher não apenas no Brasil, mas em qualquer parte do mundo.<br />
Um outro aspecto constante nos primeiros romances de Luft faz conexão com<br />
as características da literatura contemporânea de autoria feminina. Como coloca<br />
Schmidt (2003, p. 179):<br />
Em muitas das narrativas contemporâneas escritas por mulheres,<br />
fica evidente a existência de um projeto consciente e deliberado de<br />
reconstrução identitária, que passa inevitavelmente pela tomada de<br />
consciência do corpo e pela reconciliação com as raízes maternas.<br />
Nesse processo de reconstrução de identidade, o que favorece as<br />
personagens femininas retornarem ao mundo infantil é a utilização de uma escrita<br />
claramente feminina pelo discurso freqüentemente memorialista e introspectivo tão<br />
presente nos romances de Luft.<br />
A produção literária de Luft estende-se com mais romances, A Sentinela<br />
(1994) e O Ponto Cego (1999); com mais livros de poesia, Mulher no Palco (1984),<br />
O Lado Fatal (1988), Secreta Mirada (1997) e Para Não Dizer Adeus (2005); livros<br />
de ensaios, O Rio do Meio (1996), Histórias do Tempo (2000), Mar de Dentro<br />
(2002).<br />
Em 2003, Lya Luft lança Perdas e Ganhos, livro de ensaios que faz da autora<br />
um fenômeno editorial. O livro, com mais de 700 mil exemplares vendidos no Brasil,<br />
4 Trecho retirado de uma entrevista de Luft num site na Internet, não tem referências sobre ano e sem<br />
numeração de páginas.