Suênio - pos-graduacao - Uepb
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Diante da passagem anterior, que mostra o provável reencontro da<br />
protagonista com Joe, o leitor pode interpretar como a <strong>pos</strong>sibilidade de um<br />
recomeço. Nesse recomeço, a narradora considera duas características <strong>pos</strong>itivas em<br />
Joe e por isso ele merece sua confiança. Não ser americano é a primeira delas. O<br />
segundo aspecto <strong>pos</strong>itivo consiste no fato de ele, assim como ela, não está<br />
totalmente formado enquanto sujeito, sendo necessária a experiência da interação<br />
com outros para se construir uma identidade.<br />
No cenário calmo da natureza, em volta do lago e das árvores, ambiente que<br />
a ajudou a emergir como uma nova pessoa, a protagonista prepara-se para voltar à<br />
cultura, agora desidealizando principalmente os relacionamentos humanos que um<br />
dia a isolaram do mundo.<br />
Em As parceiras, o rito de passagem tem a duração de uma semana,<br />
período que a narradora escolheu para fazer uma análise de sua vida. A trajetória de<br />
investigação psicológica da protagonista inicia-se, significativamente, ao domingo e<br />
termina ao sábado.<br />
Envelhecida demais para a idade que tem, Anelise encontra-se em uma<br />
profunda depressão por causa dos sucessivos abortos e a não realização da<br />
maternidade. Ela, portanto, isola-se na tranqüilidade do Chalé da praia para<br />
“resolver sabe Deus o quê. Pensar, ficar sozinha. Repassar o filme, avaliar o jogo.<br />
Tudo acidente ou predestinação? Raízes de Catarina von Sassen, ou acaso da<br />
vida?” (p. 120).<br />
A palavra “jogo” aparece inúmeras vezes ao longo da narrativa. Isso ocorre<br />
devido ao fato de Anelise referir-se, metaforicamente, à vida como “um jogo de<br />
azar”. Outras expressões e palavras como “jogada”, “peça de azar”, “peça”,<br />
“tabuleiro”, “a<strong>pos</strong>tara”, “perdedoras” reforçam essa idéia e nos remete ao Xadrez, um<br />
tipo de jogo no qual seu jogador precisa de muita reflexão, concentração, estratégia<br />
e silêncio. A narradora, portanto, busca o silêncio do Chalé na tentativa de refletir<br />
sobre sua vida e a de todos da família Sassen.<br />
Para Anelise, todos os membros da família, homens e mulheres, são peças<br />
nas mãos das “parceiras” ocultas, sendo representadas, no romance, pelas bruxas.<br />
Além de todos os seres fantásticos como duendes, anões e monstros que fazem<br />
parte da imaginação e dos medos de Anelise desde a infância, também se fazem<br />
presentes as bruxas a quem a narradora atribui sua falta de sorte, embora sejam<br />
personagens míticas recorrentes entre as mulheres da família Sassen.