Suênio - pos-graduacao - Uepb
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imaginando então alternativas que liberariam a mulher desse papel reprodutor como<br />
estigma biologicamente determinado” (ROCQUE, 2003, p. 217).<br />
Ao comparar os textos de Gilman e Piercy, Rocque conclui que ambas<br />
as escritoras apresentam diferentes alternativas no que se refere à liberação da<br />
mulher de sua função como reprodutora. Extremamente separatista, Gilman<br />
descreve em sua obra um sistema de governo apenas dirigido por mulheres. Por<br />
outro lado, Piercy influenciada pelos avanços tecnológicos, refletindo o contexto<br />
social de sua época, prevê em sua utopia a <strong>pos</strong>sibilidade de uma biotecnologia<br />
reprodutora que libera as mulheres dessa função.<br />
Woman on the Edge of Time, publicada na década de 70, traz<br />
consigo todas as características políticas e históricas de sua época. É nesse período<br />
que as mulheres do ocidente passam a ter acesso a métodos contraceptivos e<br />
também o avanço nas pesquisas sobre reprodução humana fazem com que as<br />
mulheres tenham mais controle sobre seus cor<strong>pos</strong>.<br />
Desde Thomas More, a <strong>pos</strong>ição inferior da mulher dentro das utopias<br />
de autoria masculina é sempre a mesma. Portanto, com o surgimento do utopismo<br />
feminista esse quadro registra mudanças significativas. De acordo com Paro (2001,<br />
p. 233), “A maior parte das utopias feministas tem um caráter dinâmico e<br />
apresentam-se como transgressoras do conceito de utopia como sociedade<br />
perfeita”. Assim como outras minorias raciais e sexuais, as mulheres dessas utopias,<br />
lutam acima de tudo por reconhecimento e ascensão dentro da sociedade patriarcal<br />
em que vivem.<br />
A partir da segunda metade do século XX, mais precisamente durante as<br />
décadas de 60 e 70, observamos o surgimento de um novo gênero utópico que<br />
Moylan (2006, p. 125) se refere como “utopias críticas”:<br />
Fortemente presente nas obras de ficção científica, tal modulação<br />
criativa funcionava dialeticamente com seus precursores utópicos e<br />
distópicos e incorporava o estilo auto-reflexivo do pós-modernismo,<br />
oferecendo tanto uma crítica em relação à sociedade<br />
contemporânea, quanto um desafio aos limites da escrita utópica<br />
tradicional. As utopias críticas proporcionaram uma visão de<br />
esperança renovada e fortalecida, em sintonia com o crescente<br />
impacto dos movimentos o<strong>pos</strong>icionais socialistas, feministas e<br />
ecológicos da época.<br />
As utopias críticas são ativamente envolvidas com questões políticas,<br />
principalmente com aqueles movimentos que seriam identificados como parte das