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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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1.1. Fortuna crítica de Margaret Atwood<br />

Na minha literatura, não estou particularmente promovendo uma campanha. A<br />

questão é que, como eu disse, o escritor não tem outra opção senão refletir a<br />

sociedade de que faz parte, no sentido político mais amplo, de modo que resulta<br />

im<strong>pos</strong>sível não traçar e definir certas diferenças, entre as quais as de gênero. Se<br />

crio um personagem masculino, como tantas vezes fiz, e se o ponho a caminhar à<br />

noite por uma rua deserta de uma região perigosa, não <strong>pos</strong>so evitar de descrever<br />

sua <strong>pos</strong>tura de um modo diferente do que descreveria a <strong>pos</strong>tura de uma mulher na<br />

mesma situação. O medo que cada um sente jamais será o mesmo, a aflição jamais<br />

será a mesma, a sensação de desamparo, de impotência. O que quero dizer é que o<br />

escritor não consegue se privar de repetir e perpetuar essa diferença.<br />

Margaret Atwood<br />

Essa foi a res<strong>pos</strong>ta da escritora canadense Margaret Atwood (1939) em uma<br />

entrevista à revista EntreLivros na edição de agosto de 2006, quando questionada<br />

sobre a existência de uma denúncia da desigualdade existente entre homens e<br />

mulheres, por meio de sua literatura, que é bastante conhecida pelo tom feminista.<br />

Para a escritora, as relações de gênero estão associadas diretamente com as<br />

relações econômicas presentes em cada país e que estão fundadas sobre bases<br />

muito antigas.<br />

Versatilidade é uma palavra que define Atwood. Sua vasta produção literária,<br />

em pouco mais de quatro décadas, inclui romances, contos, poemas, roteiros,<br />

peças, ensaios e crítica literária, traduzidos e publicados em mais de trinta e cinco<br />

idiomas. Seu primeiro livro foi de poesias: The Circle Game, publicado em 1966,<br />

concedendo a autora um prêmio canadense de literatura de grande importância:<br />

Governor General’s Literary Award. Mas é como romancista que Atwood se firma no<br />

Canadá e no mundo, ao publicar The Edible Woman em 1969.<br />

Atwood surge no cenário literário em pleno contexto da segunda onda do<br />

movimento das mulheres da América do Norte, na década de sessenta e setenta.<br />

Influenciada por feministas como Simone De Beauvoir e Betty Friedan, os romances<br />

de Atwood <strong>pos</strong>suem como característica principal a abordagem de questões<br />

contemporâneas de âmbito social e político.<br />

Seu segundo romance Surfacing (1972) apresenta todas as características<br />

políticas da época, tais como: movimento feminista, preocupação ecológica e o<br />

nacionalismo canadense. Concomitante a Surfacing, Atwood publica Survival: A<br />

Thematic Guide to Canadian Literature, um estudo crítico de grande respaldo que<br />

ajuda divulgar a literatura canadense internacionalmente. Os escritos femininos do

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