Suênio - pos-graduacao - Uepb
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em que viviam. Embora suas idéias divergissem, todos os três enfatizavam a<br />
importância da cooperação, associação e harmonia.<br />
Todos os três socialistas utópicos rejeitavam as características da sociedade<br />
vigente, propondo a substituição daquela por outra caracterizada principalmente pela<br />
cooperação em vez dos antagonismos extremos existentes. Entretanto, as<br />
concepções de Owen, Saint-Simon e Fourier eram consideradas improváveis e<br />
incertas, tendo como base um idealismo que, não atentando para as condições<br />
materiais e históricas, foi duramente criticado pela visão marxista, a qual<br />
considerava irrealizáveis os projetos de tais pensadores.<br />
Conforme Levitas (1990, p. 55), “a base da crítica de Marx e Engels sobre o<br />
socialismo utópico não é apenas uma objeção à especulação sobre o futuro, mas<br />
uma diferença de ponto de vista sobre o processo de transformação” 6 . Para os<br />
marxistas, a mudança social só seria <strong>pos</strong>sível por meio de uma revolução. Eles não<br />
aceitam a utopia devido a seu caráter irrealizável, de um sonho que nunca se<br />
tornará realidade.<br />
É nesse sentido, que observamos a ausência do utopismo dentro dos<br />
pensamentos de Marx e Engels. Suas idéias socialistas não apontavam para uma<br />
(im) <strong>pos</strong>sível existência de sociedade ideal. As pro<strong>pos</strong>tas desses pensadores<br />
rejeitavam a designação “utopia” porque dentro do socialismo utópico, ela era<br />
definida em termos de sua função, que era vista como negativa e contra-<br />
revolucionária. Como resultado da crítica marxista sobre as idéias do socialismo<br />
utópico, os termos “utopia”, “utopismo” e “utópico” são usados, na maioria das<br />
vezes, para descreverem projetos políticos irrealizáveis.<br />
A <strong>pos</strong>ição da utopia na tradição marxista sempre foi fonte de muitas<br />
controvérsias. Ainda hoje, vários teóricos e estudiosos tentam chegar a um<br />
consenso a respeito de tal assunto. Para explicar melhor sobre a utopia em termos<br />
de função, Levitas discute as idéias de outros teóricos. Ela analisa também os<br />
trabalhos de George Sorel, Karl Mannheim, Ernst Bloch, William Morris e Herbert<br />
Marcuse. Todos eles definem a utopia em termos de função, a qual consistiria em<br />
crítica social.<br />
6 Todas as traduções das citações em inglês são do autor da dissertação. No original, essa citação<br />
aparece assim: “the basis of Marx’s and Engels’s criticisms of utopian socialism is not an objection to<br />
speculation about the future, but a difference of view about the process of transformation”.