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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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Prevendo ficar grávida, observamos na fala da narradora uma esperança<br />

renovada com a <strong>pos</strong>sível vinda desse bebê. Após ter se libertado das mentiras do<br />

passado, ela acredita ter sido perdoada pelo aborto cometido algum tempo atrás. A<br />

partir desse momento, suas atitudes mudam e ela descreve como será o seu parto,<br />

totalmente natural. Seu filho nascerá no ambiente puro da natureza, como acontece<br />

com todos os animais que vivem nas florestas.<br />

O fato de a protagonista pretender não ensinar alguma palavra ao filho no<br />

futuro, representa seu desejo em protegê-lo do contato com a cultura humana, cheia<br />

de distopia, que sempre a marcou com grandes traumas. Dessa forma, ela poderia<br />

criar o filho longe dos problemas da civilização distópica, assim como seu pai um dia<br />

idealizou viver com a família em uma ilha.<br />

Quase no final da narrativa, a narradora-protagonista se dá conta que ainda<br />

não realizou o objetivo de sua viagem por completo. Entretanto, ela planeja um meio<br />

para que seus acompanhantes <strong>pos</strong>sam ir embora da ilha sem ela. Para expressar<br />

certo desequilíbrio, a protagonista joga os rolos de filme que Joe e David estão<br />

produzindo e foge, logo em seguida, em uma canoa que estava no lago. Todos a<br />

procuram, Joe e Anna gritam por seu nome, um nome que desconhecemos. A<br />

própria protagonista é consciente que não tem um nome, pois sempre fingiu ser uma<br />

pessoa que não era, o que indica uma identidade que foi fragmentada pelas<br />

experiências distópicas da vida: “my name. It’s too late, I no longer have a name. I<br />

tried for all those years to be civilized but I’m not and I’m through pretending” (p.<br />

168). Agora que os fantasmas das mentiras, que um dia ela inventou, não a<br />

consomem mais, ela vê a <strong>pos</strong>sibilidade de, sozinha, sem a interferência de outros,<br />

realizar uma transformação no seu interior.<br />

Cansados de procurarem pela protagonista, todos vão embora para o vilarejo<br />

com Evans e ela acredita que sozinha poderá reconstituir sua vida: “I am by myself;<br />

this is what I wanted, to stay here alone. From any rational point of view I am absurd;<br />

but there are no longer any rational points of view” (p. 169). Longe de qualquer ponto<br />

de vista racional que consideraria sua atitude absurda, a protagonista busca uma<br />

harmonia apenas entre ela e a natureza: “I’ve succeded; I don’t know what to do<br />

now. I pause in the middle of the room, listening: no wind, stillness, held breath of the<br />

lake, the trees” (p. 171).<br />

Sozinha na tranqüilidade da natureza, é a primeira vez que a narradora<br />

sente-se livre da vigilância constante, típica do mundo distópico, que sempre dita

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