O conceito de distopia que motivou este estudo comparativo, ainda não é tão conhecido no mundo da crítica, sendo freqüentemente associado à descrição de um mundo futurista e aterrador. Entretanto, segundo Golding (1982), a distopia não consiste necessariamente num mundo do futuro, mas sim, no presente, concretizando a visão de uma realidade social que descreve um lugar permeado de miséria, privações e dificuldades. Por fazer parte da história humana, a utopia vem sendo influenciada pelas características de cada época. O século XX, período marcado pelo grande avanço tecnológico, serviu de cenário para uma maior evidência do aspecto negativo da utopia, ou seja, a distopia. As distorções sociais, os governos totalitaristas, as guerras em nome da “harmonia” e o “sonho da pureza” (BAUMAN, 1997), como pretendia o Nazismo, por exemplo, solaparam ainda mais a crença humana na <strong>pos</strong>sibilidade de um mundo perfeito. Segundo Eagleton (1997, p. 164), “O que frustra a utopia é também a ruína da distopia: nenhuma classe social pode ser inteiramente vitoriosa”. Assim, muitos escritores pós-modernos, influenciados pela realidade vigente do mundo contemporâneo, passaram a propagar seu pessimismo para com o ser humano. Tal realidade descrita nas ficções distópicas tem inspirado a cultura popular como um todo. Por exemplo, uma vasta produção de filmes contemporâneos com visões distópicas, passou a interessar a uma grande parcela da população. Alguns dos filmes mais conhecidos do gênero são Laranja Mecânica, 1984, Brasil, O Dorminhoco e Matrix. Tomando a distopia como um gênero distinto do utopismo literário, sobre o qual os principais exemplos são os clássicos de Zamyatin, Huxley e Orwell, é importante frisar que as obras Surfacing e As parceiras não se enquadram, formalmente, dentro dos padrões da tradição utópico-literária. No entanto, elas apresentam características consideradas distópicas. A análise comparativa desses aspectos é o assunto do terceiro capítulo denominado “Surfacing e As parceiras: os aspectos distópicos”, que se encontra dividido em tópicos selecionados, destacando as semelhanças e diferenças entre as duas obras. Por se tratar este estudo comparativo, de uma análise literária de dois romances, foi primordial destacar elementos da narrativa. As obras são estruturadas basicamente em torno da função do(a) narrador(a), que conta sua própria história evidenciando assim os aspectos distópicos.
A literatura, como forma de representação da realidade, tem sido uma das formas mais eficazes na divulgação da imaginação utópica e/ou distópica, visto que tais aspectos são características eminentemente humanas. A análise da utopia no seu sentido negativo, ou seja, da distopia, foi desenvolvida em torno das narradoras- protagonistas de Surfacing e As parceiras e seus conflitos pessoais, resultados de traumas das relações com a família e com outras pessoas. As atitudes de ambas as protagonistas apresentam-nas como heroínas do mundo distópico.
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MOYLAN, Tom. “Utopia e pós-moder