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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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More descreve uma ilha distante e diferente do cenário inglês e europeu da<br />

época, cuja forma de governo fundamentava-se em leis justas e em instituições<br />

político-econômicas comprometidas com o bem-estar da coletividade. Tal ilha<br />

imaginária serviu de crítica à sociedade inglesa vigente. More satirizava, através de<br />

uma sociedade ficcional sem correr o risco de ser censurado.<br />

More cria Rafael Hitlodeu, uma personagem que nos apresenta algumas<br />

características que divergiam do contexto social e político vigente da Europa<br />

decadente, tais como: comunismo, ausência de monarquia e desinteresse pelas<br />

riquezas minerais (ouro e pedras preciosas). Esses novos valores vão de encontro<br />

aos valores europeus da época há séculos já estabelecidos. Dessa forma, na<br />

opinião de Lacroix (1996, p. 67),<br />

A Utopia realiza, ao fazê-lo, a síntese de duas vias de acesso ao<br />

Novo: a descoberta (por Rafael) e a invenção (por Morus) 5 . A<br />

segunda, como texto, torna <strong>pos</strong>sível a primeira que, em troca é um<br />

apelo para que esta segunda se torne processo prático real de<br />

invenção de um novo mundo.<br />

A descoberta dessa ilha (Utopia) por Rafael, inventada por More, representa o<br />

desejo de muitos humanistas europeus pela instauração de uma nova e mais justa<br />

forma de governo, que representa uma sociedade ideal comunista, cujo principal<br />

objetivo consiste em garantir a igualdade dos cidadãos.<br />

Assim, pode afirmar-se que, A Utopia torna-se a precursora de um novo<br />

gênero literário: o gênero utópico. Ela apresenta peculiaridades até então nunca<br />

observadas em quaisquer outros textos clássicos. Com a sua obra, More não cria<br />

apenas uma palavra (utopia), mas um conceito de uma sociedade ideal, igualitária e<br />

justa, que se opunha à Inglaterra de sua época, um lugar onde inexistia a liberdade<br />

de expressão e pensamento.<br />

Apesar de a utopia fazer parte da história humana, ainda há dificuldades em<br />

apresentar um conceito claro e preciso a respeito. Tal dificuldade justifica-se pela<br />

ambigüidade existente na etimologia do próprio termo. De origem grega, a palavra<br />

utopia <strong>pos</strong>sui dois significados: outopia (lugar nenhum ou não-lugar) e eutopia (um<br />

bom lugar). Assim, a essência da utopia gira sempre em torno de um paradoxo: viver<br />

em um bom lugar onde tudo é <strong>pos</strong>sível, mas que não existe.<br />

5 Nesta citação o nome de More está na tradução latinizada (Morus). Entretanto, será utilizado em<br />

todo trabalho o nome do autor no original.

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