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Suênio - pos-graduacao - Uepb

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intrínseca entre história e ficção, em que a segunda é diretamente influenciada pelos<br />

fatos da primeira.<br />

Apesar de as ficções distópicas apresentarem como cenários lugares em um<br />

futuro bem distante do contexto de seus autores, é comum observar que os<br />

exageros pessimistas encontrados nas distopias têm sua base nos fatos concretos<br />

da vida real. Assim, segundo Renaux (2001, p. 290), “A negatividade observada nos<br />

autores de distopias do século XX é mais uma questão de visão de mundo do que<br />

um artifício polêmico ou literário”.<br />

O conteúdo da ficção distópica está diretamente relacionado aos estudos de<br />

críticos sociais e culturais como Nietzsche, Freud, Bakhtin, Adorno, Foucault,<br />

Habermas e muitos outros. Dentre esses, vale destacar Freud e sua discussão<br />

acerca do tema da sexualidade. Tal tema é o aspecto abordado com maior ênfase<br />

dentro da literatura distópica. Outras temáticas recorrentes em textos distópicos<br />

giram em torno dos seguintes assuntos: ciência e tecnologia, religião, literatura e<br />

cultura, linguagem e história. Todos esses temas estão presentes em We, Brave<br />

New World e 1984, que são, segundo Booker (1994) os principais textos que<br />

definem o gênero distópico, tanto pelo engajamento em assuntos políticos e sociais<br />

do mundo real quanto pelas críticas às sociedades que eles focalizam. A história<br />

literária da ficção distópica está intimamente interligada com a história política e<br />

social do mundo moderno.<br />

Tanto Booker quanto Kumar partilham da mesma opinião de que narrativas<br />

utópicas e distópicas apresentam uma crítica social, ora representando um desejo<br />

de alcançar um estado ideal ora exagerando os aspectos reais da sociedade<br />

vigente. A distopia assim como sua antecessora, a utopia, demonstra a vitalidade e<br />

a versatilidade na forma de um gênero literário não apenas como veículo das idéias<br />

políticas e sociais, mas sim, como uma expressão literária de verdadeira força.<br />

Além de Zamyatin, Huxley e Orwell, outras escritoras surgem para fazerem<br />

parte do mundo da literatura contemporânea distópica. Alguns dos principais nomes<br />

responsáveis por essa nova abordagem da distopia, perpassada pelo olhar feminino,<br />

são Monique Wittig, Elizabeth Baines, Kate Wilhelm e Margaret Atwood. Alguns dos<br />

romances dessas escritoras são definidos por Cavalcanti como “distopias<br />

feministas”, que ela considera como subgênero do utopismo literário. Segundo<br />

Cavalcanti (2005, p. 304), tais ficções “[...] constituem, no contexto da autoria

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