Suênio - pos-graduacao - Uepb
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viver em uma ilha longe das contradições do mundo civilizado, dentre elas as<br />
guerras.<br />
As referências sobre a guerra permeiam quase todo o enredo de Surfacing,<br />
reforçando assim seu caráter distópico. São inúmeras as menções feitas a Hitler,<br />
aos alemães, a suástica, bombas, cam<strong>pos</strong> de concentração, elementos esses que<br />
povoam a imaginação do irmão da narradora desde a infância.<br />
É importante ressaltar o contexto histórico no qual Surfacing está inserido.<br />
Esse romance foi publicado em um período marcado por uma das guerras mais<br />
longas da história dos Estados Unidos: a guerra do Vietnã (1959 – 1975). Nesse<br />
sentido, os americanos são constantemente criticados e depreciados ao longo da<br />
narrativa, não sendo dignos de confiança e nem merecedores de um fortalecimento<br />
nas relações interpessoais como observamos nas várias expressões usadas na<br />
obra. Um exemplo dessa crítica fica evidente na fala de David quando se encanta<br />
com a beleza do local onde fica o chalé da protagonista: “This is great [...], it’s better<br />
than the city. If we could only kick out the fascist pig Yanks and the capitalists this<br />
would be a neat country” (p. 39). Mais adiante na narrativa, essa personagem tece o<br />
seguinte comentário: “We ought to start a colony, I mean a community up here, [...] It<br />
wouldn’t be a bad country if only we could kick out the fucking pig Americans, eh?<br />
Then we could have some peace” (p. 89). Esses trechos ilustram que, ao longo do<br />
texto, os americanos são freqüentemente referidos como “Yank pigs” (porcos<br />
americanos), sendo sempre vistos como invasores de territórios de outros povos.<br />
Atwood utiliza a linguagem pejorativa, típica da personagem David, para expressar o<br />
desprezo dos canadenses em relação aos americanos e ao que eles representavam,<br />
já na década de 70.<br />
A acusação dos americanos pela destruição da natureza repete-se<br />
constantemente em Surfacing. Na voz da personagem Anna, fica clara essa<br />
indignação: They’re running out of water, clean water, they’re dirtying up of theirs,<br />
right? Which is what we have a lot of, this country is almost all water if you look at a<br />
map. So in a while, I give it ten years, they’ll be up against the wall” (p. 96).<br />
Surfacing ilustra claramente o contexto da década de 70. A preocupação<br />
expressa na citação acima <strong>pos</strong>sui relação direta com o surgimento dos movimentos<br />
ecológicos da época. A repetição do termo “water” demonstra um engajamento por<br />
parte de Anna que é consciente da degradação do meio ambiente, que é uma<br />
característica do mundo distópico. A distopia é reforçada pelo contraste expresso no