Suênio - pos-graduacao - Uepb
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trecho, no qual são destacadas, a “água pura” em abundância no Canadá e a “água<br />
poluída” nos Estados Unidos. Mais uma vez, observamos a crítica ao imperialismo<br />
norte-americano.<br />
Surfacing é um livro em que a negatividade do mundo contemporâneo está<br />
presente enquanto característica recorrente na literatura distópica. O fato de uma<br />
garça morta e dependurada de cabeça para baixo é uma atitude violenta que choca,<br />
principalmente, a protagonista, que expressa sua indignação diante da situação:<br />
Why had they strung it up like a lynch victim, why didn’t they just<br />
throw it away like the trash? To prove they could do it, they had the<br />
power to kill. Otherwise it was valueless: beautiful from distance but it<br />
couldn’t be tamed or cooked or trained to talk, the only relation they<br />
could have to a thing like that was to destroy it. […] It must have been<br />
the Americans; they were in there now, we would meet them (pp.<br />
116-7).<br />
Mais uma vez, no discurso da narradora, os americanos são<br />
responsabilizados pela destruição da natureza. Entretanto, os verdadeiros culpados<br />
pela morte da garça foram alguns canadenses que estavam pescando nos lagos da<br />
região. Mesmo assim, o desprezo para com os americanos fala mais alto e a<br />
narradora permanece culpando-os: “But they’d killed the heron anyway. It doesn’t<br />
matter what country they’re from, my head said, they’re still Americans” (p. 129).<br />
Essa perturbação causada pela morte de uma ave parece ser desnecessária<br />
diante de tanta violência praticada entre os próprios homens. No entanto, através da<br />
morte gratuita de uma garça, Atwood explora uma característica distópica do mundo<br />
contemporâneo: a violência desordenada. Vale destacar que o mundo distópico é<br />
caracteristicamente violento. Escritora engajada com questões políticas,<br />
principalmente, as de âmbito ecológico, a autora de Surfacing sugere o seguinte: “A<br />
violência é um dos temas principais da literatura de qualquer tempo, porque é uma<br />
das coisas que os seres humanos fazem. Desafortunadamente, mas fazem” (p.<br />
24). 12<br />
Em As parceiras, com a morte dos pais, Anelise e Vânia vão morar com<br />
Beata e Bila no casarão. Beatriz traz consigo um grande trauma. Seu es<strong>pos</strong>o se<br />
suicidara após três semanas de casados. A “viúva virgem”, como Beata era<br />
chamada, estava sempre envolvida na religião para superar tal trauma. Como filha<br />
12 Trecho da entrevista da escritora realizada pela Revista EntreLivros, edição de agosto de 2006.