18.04.2013 Views

Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

qual não tivemos acesso. 121 A sonata presente no códice MM63 <strong>de</strong> Coimbra está escrita<br />

na tonali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Fá Maior, e é constituí<strong>da</strong> por quatro an<strong>da</strong>mentos:<br />

- A<strong>da</strong>gio, C, fá maior, 22 compassos.<br />

- Allegro, C, fá maior, 32 compassos.<br />

- Adágio, C, inicia-se em ré menor/ termina em fá maior, 12 compassos.<br />

- Allegro, 3 8, fá maior, 47 compassos.<br />

A estrutura formal <strong>da</strong> obra é a <strong>de</strong> uma sonata <strong>da</strong> chiesa do final do século<br />

XVII/início do XVIII. O primeiro an<strong>da</strong>mento, bastante sóbrio na sua escrita (requerendo<br />

possivelmente ornamentação suplementar improvisa<strong>da</strong> pelo intérprete) alterna secções<br />

mais líricas, em frases com uma certa amplitu<strong>de</strong> e <strong>de</strong> carácter cantabile, com secções <strong>de</strong><br />

escrita mais instrumental (suonabile) basea<strong>da</strong>s em motivos mais curtos e sequenciais; o<br />

an<strong>da</strong>mento remata num "floreio" ornamental no compasso 20, que culmina num<br />

expressivo acor<strong>de</strong> <strong>de</strong> sétima diminuta (compasso 21), imediatamente antes <strong>da</strong> cadência<br />

final. O segundo an<strong>da</strong>mento é escrito em estilo imitativo (fuga), tendo por tema um<br />

motivo dinâmico e tipicamente instrumental, que se aproxima no seu contorno melódico<br />

<strong>de</strong> certos temas corellianos, e bastante distante dos motivos mais estáticos, típicos <strong>da</strong>s<br />

canzone e sonatas <strong>da</strong> primeira meta<strong>de</strong> do século XVII. Ao motivo principal contrapõe-se<br />

um outro motivo contrastante, formado por uma sucessão <strong>de</strong> figuras pontua<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes, provocando com o baixo frequentes retardos expressivos. A nível formal, o<br />

an<strong>da</strong>mento encontra-se a meio caminho entre a canzona seiscentista e a fuga<br />

setecentista: a ausência <strong>de</strong> episódios bem <strong>de</strong>limitados entre as frequentes exposições<br />

temáticas aproximam-no <strong>da</strong> primeira, mas a clareza <strong>da</strong> estrutura harmónica que se<br />

sobrepõe à condução polifónica e direcciona realmente o an<strong>da</strong>mento, aproxima-o <strong>da</strong><br />

linguagem barroca mais tardia. Procedimentos típicos <strong>da</strong> fuga corelliana, como a escrita<br />

polifónica na parte do violino, e a interpolação <strong>de</strong> secções atemáticas construí<strong>da</strong>s sobre<br />

sequências <strong>de</strong> semicolcheias ou sucessões <strong>de</strong> harpejos não têm aqui lugar. O terceiro<br />

an<strong>da</strong>mento, miniatural, apresenta um carácter improvisado baseado na justaposição<br />

retórica <strong>de</strong> motivos curtos e contrastantes, articulados por pausas eloquentes; na parte<br />

do violino, os motivos combinam-se e diluem-se em frases sucessivamente melódicas, e<br />

<strong>de</strong> novo mais <strong>de</strong>clama<strong>da</strong>s; o baixo abandona o estatismo inicial e assume um perfil mais<br />

activo. O último an<strong>da</strong>mento, tal como em muitas <strong>da</strong>s sonatas <strong>da</strong> chiesa <strong>de</strong> Corelli, assume<br />

121. Lawrence E. Bennett, "Capellini, Pietro Paolo." Em The New Grove.<br />

107

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!