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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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em relação a esta afirmação <strong>de</strong> Mascitti, e procurou encontrar diferenças entre ambos os<br />

opus (o <strong>de</strong>staque é nosso):<br />

68<br />

"Other than their being chamber sonatas, thus stressing <strong>da</strong>nce movements, it is<br />

difficult to ascertain just what these purported French traits were. For that<br />

matter, Mascitti should have felt no real need to present French elements in these<br />

sonatas; his first opus - completely Italianate in conception - had by his own<br />

admission sold well. Programmatic titles, large number of movements, French tempo<br />

markings, frequent ornamentation indicated in the music - in short, these traits which<br />

one most associates with French instrumental music of the eighteenth century - are<br />

completely missing in the 1706 collection of Mascitti. A tentative concession to the<br />

French taste might be found in the somewhat lesser emphasis on double stops in<br />

Opus 2, making its overall difficulty slightly less than that of Opus 1." 83<br />

As dúvi<strong>da</strong>s senti<strong>da</strong>s por Dean são coinci<strong>de</strong>ntes com as nossas. Quanto aos "double<br />

stops" mencionados, estes na<strong>da</strong> têm a ver com concessões estilísticas nacionais, mas sim<br />

com aspectos formais <strong>da</strong>s obras. Retirar à música algo típico do estilo italiano não é estar<br />

propriamente a recorrer às "belles choses" <strong>da</strong> música francesa; 84 o uso <strong>de</strong> acor<strong>de</strong>s <strong>de</strong> dois<br />

e três sons na escrita violinística <strong>de</strong> raiz corelliana está associa<strong>da</strong> em princípio não a<br />

qualquer <strong>de</strong>monstração fácil <strong>de</strong> virtuosismo, mas antes à "representação" <strong>da</strong> polifonia<br />

essencial às convenções formais <strong>da</strong> sonata <strong>da</strong> chiesa, que inclui por norma um ou vários<br />

an<strong>da</strong>mentos construídos em contraponto imitativo. Claro que a facili<strong>da</strong><strong>de</strong> em executar tais<br />

passagens tecnicamente difíceis era uma quali<strong>da</strong><strong>de</strong> pela qual se julgava um virtuoso. Nas<br />

sonatas <strong>da</strong> camara para violino solo <strong>da</strong> escola corelliana (Corelli, Geminiani, Albinoni...) o<br />

uso <strong>de</strong> cor<strong>da</strong>s duplas é muito menor comparado com obras <strong>da</strong> chiesa e normalmente sem<br />

implicação formal ou "polifónica", constituindo sobretudo preenchimentos harmónicos,<br />

acentuações dinâmicas e variações <strong>de</strong> textura. 85 Andreas Moser, ao discutir este mesmo<br />

parágrafo do prefácio <strong>de</strong> Mascitti, esteve mais próximo <strong>da</strong>quilo que consi<strong>de</strong>ramos ser a<br />

resposta a este problema:<br />

83. Dean: 103.<br />

84. Várias sonatas <strong>de</strong> Jean-Marie Leclair (1697-1764) são pródigas em complexos acor<strong>de</strong>s,<br />

e apesar <strong>da</strong> sua filiação estilística italiana, são inegáveis as muitas características francesas <strong>da</strong>s<br />

obras. Ver La Laurencie: 314-346.<br />

85. É sobretudo na escola germânica – H. I. F. Biber (1644-1704), J. H. Schmeltzer (1623-<br />

1680), J. P. von Westhoff (1656-1705), J. S. Bach (1685-1750) – que encontramos uma maior<br />

exploração (ain<strong>da</strong> que sempre subjuga<strong>da</strong> ao conteúdo musical) <strong>da</strong>s cor<strong>da</strong>s duplas e triplas,<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong>s forma contrapontísticas <strong>da</strong> Fuga ou Canzona, mas antes frequentemente<br />

associa<strong>da</strong>s a formas <strong>de</strong> <strong>da</strong>nça. Em Itália são sobretudo F. M. Veracini (1690-1768) e G. Tartini<br />

(1692-1770) que vão progressivamente dissociar a escrita em cor<strong>da</strong>s duplas e triplas <strong>de</strong> uma<br />

concepção polifónica, assumindo uma concepção estritamente harmónica dos acor<strong>de</strong>s, e tornando<br />

a sua execução em pretexto predilecto para a exibição do virtuosismo violinístico.

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