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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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seu trabalho merece ser ain<strong>da</strong> mais valorizado se tivermos em conta as limita<strong>da</strong>s<br />

condições com que foi realizado, nomea<strong>da</strong>mente a ausência <strong>de</strong> obras <strong>de</strong> apoio para<br />

consulta, e o geral <strong>de</strong>sconhecimento sentido então em Portugal em relação à música<br />

anterior ao século XIX. No seu trabalho, Manuel Joaquim não se limitou a inventariar os<br />

manuscritos isola<strong>da</strong>mente; tentou recolher to<strong>da</strong> a informação disponível sobre os códices,<br />

e procurou traçar a sua história comum, nomea<strong>da</strong>mente <strong>da</strong>queles que pertenceram ao<br />

núcleo <strong>de</strong> música instrumental setecentista <strong>da</strong> Livraria <strong>de</strong> Santa Cruz <strong>de</strong> Coimbra. 5<br />

Objectivo <strong>da</strong> actual pesquisa.<br />

Empreen<strong>de</strong>r uma investigação sobre todos os volumes <strong>de</strong>sta colectânea não só<br />

ultrapassaria em muito os objectivos e limites inerentes a uma dissertação <strong>de</strong> Mestrado,<br />

como parte do trabalho seria inútil ao repetir informações e conclusões há muito<br />

conheci<strong>da</strong>s. Decidimos concentrar a nossa atenção nas obras impressas e nos<br />

manuscritos que contêm primordialmente obras <strong>de</strong> câmara para violino e baixo contínuo,<br />

afastando-nos do estudo dos códices até hoje mais explorados, <strong>de</strong>votados à música para<br />

tecla. Dentro <strong>de</strong>ste universo mais restrito, optamos por estu<strong>da</strong>r os dois manuscritos que<br />

até aqui nos pareceram mais negligenciados pela investigação, os códices MM62 e MM63.<br />

Esta escolha foi motiva<strong>da</strong> não só pelo nosso <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> tentarmos completar o panorama<br />

geral <strong>de</strong> conhecimento sobre a colecção, mas também por o repertório contido nestes<br />

dois códices ser aquele que nos <strong>de</strong>sperta mais atenção enquanto intérpretes. Quando<br />

proce<strong>de</strong>mos à elaboração <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> concerto, somos muitas vezes<br />

confrontados com uma questão: que música <strong>de</strong> câmara se fazia em Portugal no século<br />

XVIII? Os fundos <strong>da</strong>s bibliotecas parecem à primeira vista comprovar aquilo que também<br />

os relatos <strong>da</strong> época parecem indiciar: que em Portugal a música era apenas cultiva<strong>da</strong> em<br />

duas esferas: a Igreja e o Teatro (Stylus ecclesiasticus e Stylus theatralis), faltando assim<br />

o terceiro elemento, indispensável na teorização <strong>da</strong> época sobre géneros e estilos<br />

musicais: a <strong>Câmara</strong> (Stylus cubicularis). 6 À luz <strong>da</strong> escassa informação sobre as práticas <strong>de</strong><br />

5. Manuel Joaquim proce<strong>de</strong>u à catalogação dos manuscritos musicais nos anos 60, nas<br />

chama<strong>da</strong>s "Fichas Ver<strong>de</strong>s"; os originais conservam-se na Fun<strong>da</strong>ção Calouste Gulbenkian, mas a<br />

Biblioteca Geral <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra conserva cópias <strong>de</strong> to<strong>da</strong>s as fichas no arquivo <strong>da</strong> Sala<br />

dos Manuscritos Musicais; ao tempo <strong>da</strong> elaboração <strong>da</strong> pesquisa que prece<strong>de</strong>u a re<strong>da</strong>cção <strong>de</strong>sta<br />

dissertação este arquivo encontrava-se <strong>de</strong>slocado para a Sala dos Manuscritos.<br />

6. Para uma breve mas eluci<strong>da</strong>tiva discussão sobre o papel <strong>da</strong> <strong>Música</strong> <strong>de</strong> <strong>Câmara</strong> na<br />

tríplice divisão <strong>de</strong> estilos Igreja, Teatro e <strong>Câmara</strong>, típica do Barroco, ver: Denis Morrier, Crónicas<br />

Musicais <strong>de</strong> uma Europa Barroca. Capítulo "A consciência dos estilos"; e Ruth Halle Rowen, Early<br />

Chamber Music. Capítulo "Relationship of Styles".<br />

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