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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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sociabili<strong>da</strong><strong>de</strong> no Portugal setecentistas, nomea<strong>da</strong>mente no que respeita à prática<br />

doméstica <strong>da</strong> música, contentámo-nos durante longo tempo em admitir, mediante as<br />

fontes conserva<strong>da</strong>s, que em Portugal apenas se cultivavam nos círculos privados o cravo<br />

e a viola <strong>de</strong>dilha<strong>da</strong>. Entretanto foram-nos sendo revela<strong>da</strong>s algumas fontes com música<br />

vocal <strong>de</strong> câmara, como as obras <strong>de</strong> Jayme <strong>de</strong> la Té y Sagau (ca.1680-1736) bem como<br />

relatos sobre assembleias – bailes e saraus – mantidos na capital, maioritariamente pelos<br />

estrangeiros aí resi<strong>de</strong>ntes. 7 Mas as fontes e referências ao repertório cultivado nesses e<br />

noutros eventuais locais on<strong>de</strong> se cultivasse a música in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente <strong>da</strong> sua função<br />

teatral, áulica, ou litúrgica, continuam a ser genericamente escassas. 8<br />

4<br />

Ora, se a acima menciona<strong>da</strong> colecção <strong>de</strong> Coimbra não abun<strong>da</strong> em obras <strong>de</strong> vulto<br />

<strong>de</strong> compositores portugueses – aumentando no entanto consi<strong>de</strong>ravelmente o espólio<br />

nacional <strong>de</strong> minuetes – oferece-nos contudo informações únicas e valiosas sobre a prática<br />

<strong>da</strong> música <strong>de</strong> câmara no século XVIII, revelando não só um grupo concreto <strong>de</strong> obras que<br />

foram conheci<strong>da</strong>s e executa<strong>da</strong>s em Portugal, mas sobretudo porque nos sugere o gosto<br />

dos intérpretes e do seu público, e <strong>de</strong>ixa-nos entrever os processos <strong>de</strong> aprendizagem e<br />

cultivo do gosto musical. Desven<strong>da</strong>-nos também pistas sobre os centros musicais<br />

europeus com os quais se estabeleciam contactos <strong>de</strong> intercâmbio, para lá dos já<br />

tradicionalmente consi<strong>de</strong>rados: 9 se po<strong>de</strong>mos afirmar – <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluído este nosso<br />

trabalho <strong>de</strong> investigação – que também na música <strong>de</strong> câmara instrumental parece<br />

dominar o gosto italiano <strong>de</strong> pendor acentua<strong>da</strong>mente romano, constatamos to<strong>da</strong>via que<br />

7. Ver artigos <strong>de</strong> Manuel Carlos <strong>de</strong> Brito: "Fontes para a História <strong>da</strong> Ópera em Portugal no<br />

século XVIII (1708-1793)"; "O papel <strong>da</strong> Ópera na luta entre o Iluminismo e o Obscurantismo em<br />

Portugal (1731-1742)"; "A Ópera <strong>de</strong> Corte em Portugal no século XVIII" e "Concertos em Lisboa e<br />

no Porto nos finais do século XVIII." Em Estudos <strong>de</strong> História <strong>da</strong> <strong>Música</strong> em Portugal. Do mesmo<br />

autor: "A <strong>Música</strong> em Lisboa no tempo <strong>de</strong> Carlos Seixas." Em Carlos Seixas, <strong>de</strong> Coimbra.<br />

8. De Pedro António Avon<strong>da</strong>no (1714-1782), músico e compositor lisboeta, temos<br />

conhecimento <strong>de</strong> algumas obras – nomea<strong>da</strong>mente três colecções <strong>de</strong> minuetes – que <strong>de</strong>vem ter-se<br />

<strong>de</strong>stinado originalmente a estes entretenimentos. São contudo obras mais tardias do que a maioria<br />

<strong>da</strong>s composições conserva<strong>da</strong>s em Coimbra.<br />

9. O gran<strong>de</strong> centro <strong>de</strong> intercâmbio musical para Portugal no século XVIII foi Roma: <strong>de</strong><br />

Roma nos chegou Domenico Scarlatti e Giovanni Giorgi, e para Roma partiram os bolseiros<br />

portugueses. Ver João Pedro d'Alvarenga, "Domenico Scarlatti: o período português (1719-1729)."<br />

Em Estudos <strong>de</strong> Musicologia. Em Roma os embaixadores portugueses, obe<strong>de</strong>cendo a directivas reais<br />

e diplomáticas encomen<strong>da</strong>ram e patrocinaram obras, nomea<strong>da</strong>mente Cantatas e Oratórias, a<br />

alguns dos principais compositores italianos, nomea<strong>da</strong>mente A. Scarlatti, N. Porpora, M. Bononcini<br />

e F. Gasparini. Ver Montserrat Moli Frigola "La Lisboa Romana <strong>de</strong> los siglos XVII-XVIII. […]" Em<br />

Primeiro Congresso Internacional do Barroco – Actas. Vol.II.

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