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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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fim do século; 28 o excêntrico arco <strong>de</strong> triunfo sobre a entra<strong>da</strong> principal <strong>da</strong> Igreja, chamado<br />

ain<strong>da</strong> hoje o "guar<strong>da</strong>-vento" e que antes abrigava uma gran<strong>de</strong> porta; os azulejos em belo<br />

estilo Rococó, <strong>da</strong> escola <strong>de</strong> Coimbra, que forram todo o corpo <strong>da</strong> Igreja (os do claustro<br />

dito "do Silêncio", neoclássicos, <strong>da</strong>tam já do fim do século); muita <strong>da</strong> imaginária e<br />

<strong>de</strong>coração <strong>da</strong>s várias capelas existentes no mosteiro (hoje quase to<strong>da</strong>s elas<br />

<strong>de</strong>sapareci<strong>da</strong>s, com excepção do fabuloso mas espoliado altar <strong>da</strong>s relíquias); o<br />

aristocrático conjunto paisagístico formado pela entra<strong>da</strong> <strong>da</strong> quinta <strong>de</strong> Santa Cruz, o jogo<br />

<strong>da</strong> Pela, o lago e a cascata, ou Fonte <strong>da</strong> Nogueira, e que compõe o hoje chamado "Jardim<br />

<strong>da</strong> Sereia", com seus pavilhões, esculturas e painéis <strong>de</strong> azulejo. 29 Destaca-se ain<strong>da</strong> a<br />

construção do imponente órgão, primeira gran<strong>de</strong> obra <strong>da</strong> autoria <strong>de</strong> Manoel <strong>de</strong> São Bento<br />

Gomes <strong>de</strong> Herrera, ocorri<strong>da</strong> entre 1719 e 1724. 30 Este magnífico instrumento incorpora<br />

elementos <strong>de</strong> pelo menos um órgão anterior; pelas características estilísticas e pela <strong>da</strong>ta<br />

<strong>da</strong> obra, é apontado Gabriel Ferreira <strong>da</strong> Cunha como o autor <strong>da</strong> talha <strong>da</strong> caixa e do<br />

coreto. 31 Com a presença <strong>de</strong> tal instrumento, seria difícil imaginar que a música não<br />

participasse em tão ostensivo fulgor. Não obstante, na gran<strong>de</strong> reestruturação <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m<br />

leva<strong>da</strong> a cabo por Dom Gaspar <strong>da</strong> Encarnação, os hábitos e usos litúrgicos do Mosteiro <strong>de</strong><br />

Santa Cruz <strong>de</strong> Coimbra foram substancialmente alterados, sendo impulsionado o retorno<br />

ao cantochão enquanto canto litúrgico <strong>da</strong> Igreja Romana por excelência, e em <strong>de</strong>trimento<br />

<strong>da</strong> música "em canto <strong>de</strong> órgão". A quase inexistência <strong>de</strong> obras vocais polifónicas do<br />

século XVIII em Santa Cruz – especialmente se compara<strong>da</strong> com o período áureo dos<br />

séculos XVI e XVII – <strong>de</strong>ve-se sobretudo a uma "purificação" do gosto, revalorizando-se o<br />

Canto Gregoriano, mais austero e monástico, mas simultaneamente mais "católico", e não<br />

a uma generaliza<strong>da</strong> "crise <strong>de</strong> criativi<strong>da</strong><strong>de</strong>". Obras do século anterior continuaram<br />

presumivelmente a ser canta<strong>da</strong>s em Santa Cruz durante o século XVIII, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s na<br />

sua austeri<strong>da</strong><strong>de</strong> polifónica mais a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s à digni<strong>da</strong><strong>de</strong> dos serviços litúrgicos do que os<br />

novos estilos musicais. Um códice <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> meta<strong>de</strong> do século XVIII – o manuscrito<br />

musical MM 241 <strong>da</strong> BGUC – pertencente a Santa Cruz, é um dos raros livros a apresentar<br />

28. Nelson Correia Borges, "O Barroco Joanino." Em História <strong>da</strong> Arte em Portugal – Do<br />

Barroco ao Rococó. Vol. 9: 136-137.<br />

14<br />

29. Correia Borges: 36-37.<br />

30. D. W. Jor<strong>da</strong>n, "Manoel <strong>de</strong> S. Bento Gomes <strong>de</strong> Herrera and the Portuguese Organ". Em<br />

Organ Yearbook, vol. XXI, 1992; citado em Joel Canhão, O Órgão Barroco <strong>da</strong> Capela <strong>da</strong><br />

Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra: 11<br />

31. Correia Borges: 54, 57.

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