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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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evoluindo para as obras maiores e mais complexas. É impossível no entanto dissociar a<br />

correcta prática do acompanhamento do estudo do repertório específico do instrumento,<br />

e a colecção <strong>de</strong> D. Jerónimo <strong>da</strong> Encarnação, tão profícua em obras violinísticas, não o é<br />

menos em obras <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s ao cravo (e também ao órgão) nomea<strong>da</strong>mente as sonatas,<br />

tocatas e minuetes <strong>de</strong> Carlos <strong>de</strong> Seixas, Domenico e Alessandro Scarlatti, Giustini <strong>da</strong><br />

Pistoia e José António <strong>de</strong> Oliveira. No códice MM63 são duas as obras que se nos<br />

apresentam escritas especificamente para tecla. No entanto, é provável que outras obras<br />

incluí<strong>da</strong>s no manuscrito fossem também interpreta<strong>da</strong>s ao teclado, sendo vulgar durante<br />

todo o século XVIII a apropriação <strong>de</strong> repertório <strong>de</strong> câmara para a interpretação num<br />

instrumento <strong>de</strong> teclado. 141<br />

As duas obras foram copia<strong>da</strong>s pelo mesmo copista – o "professor" – uma a seguir<br />

à outra, ocupando os fólios 29 (frente) a 35 (frente). Estão ambas escritas na tonali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> dó maior, sugerindo que possam ter sido copia<strong>da</strong>s com o intuito <strong>de</strong> formar um par. A<br />

primeira obra está escrita nas claves <strong>de</strong> violino e baixo; no entanto a notação original <strong>da</strong><br />

mão direita <strong>de</strong>veria ser em clave <strong>de</strong> tiple (dó<strong>1ª</strong> linha), pois alguns erros, rasurados e<br />

corrigidos pelo copista nos compassos 34 e 40, apresentam a parte do tiple escrita uma<br />

terceira acima, um erro comum quando se transcreve <strong>da</strong> clave <strong>de</strong> tiple para a clave <strong>de</strong><br />

violino. Não apresenta nenhum título, mas é facilmente i<strong>de</strong>ntificável como sendo uma<br />

Fuga: escrita em estilo imitativo, na exposição inicial apresenta as entra<strong>da</strong>s sucessivas do<br />

sujeito em quatro vozes, pela or<strong>de</strong>m tiple – alto – tenor – baixo:<br />

Exemplo musical 3: Anónimo – Sujeito <strong>da</strong> fuga em dó maior.<br />

As entra<strong>da</strong>s do sujeito, que apresenta respostas tonais e não reais, fazem-se<br />

respectivamente sobre as notas sol4, dó4, sol3 e dó3, correspon<strong>de</strong>ndo à alternância entre<br />

tónica – dominante – tónica – dominante. O sujeito tem frequentes exposições ao longo<br />

<strong>da</strong> obra – 6 vezes no tiple, 3 vezes no alto, 2 vezes no tenor e 5 vezes no baixo –<br />

separa<strong>da</strong>s por curtos episódios com a extensão máxima <strong>de</strong> quatro compassos. Esta<br />

aparente soli<strong>de</strong>z polifónica é abala<strong>da</strong> logo após a exposição do tema em ca<strong>da</strong> voz; em vez<br />

141. Ver sub-capítulo 3.10 – "MM63: Recepção e influência <strong>da</strong>s obras italianas."<br />

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