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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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Com base nestes <strong>da</strong>dos atribuímos a fuga do códice MM63 à autoria <strong>de</strong> Nicolaus Vetter,<br />

obviamente com algumas interrogações, mas <strong>de</strong> forma a contextualizá-la numa época e<br />

num estilo ao qual não duvi<strong>da</strong>mos que pertença.<br />

132<br />

No "Mylau tabulaturbuch" encontram-se também alguns conjuntos <strong>de</strong> variações<br />

sobre melodias profanas: intitula<strong>da</strong>s "Arias", são pequenas composições estruturalmente<br />

biparti<strong>da</strong>s, com um carácter <strong>da</strong>nçante, e a que se seguem três ou quatro variações. As<br />

características <strong>da</strong>s árias e <strong>da</strong>s respectivas variações são muito semelhantes ao exemplar<br />

do códice MM63. No entanto este não só tem maior número <strong>de</strong> variações, como<br />

apresenta maiores contrastes <strong>de</strong> tempo, métrica e padrões <strong>de</strong> variação utilizados; o<br />

próprio tema é musicalmente mais rico no contorno melódico e na riqueza <strong>da</strong> harmonia,<br />

salientando-se o pormenor <strong>da</strong> assimetria estrutural. A "Ária com variações" <strong>de</strong> Coimbra<br />

encontra-se qualitativamente numa posição intermédia entre as obras <strong>de</strong> Mylau e o<br />

conteúdo do “Hexachordum Apollinis” <strong>de</strong> Pachelbel. Em comparação com as obras <strong>de</strong><br />

Pachelbel, a obra <strong>de</strong> Coimbra é mais "mecânica" na aplicação dos padrões <strong>de</strong> variação e<br />

não apresenta a mesma subtileza <strong>de</strong> escrita; o seu ponto mais susceptível é sem dúvi<strong>da</strong> o<br />

final pouco ortodoxo <strong>da</strong> última variação (que na nossa edição apresentaremos com<br />

pequenas correcções). De novo nos <strong>de</strong>paramos com a questão <strong>da</strong> fiabili<strong>da</strong><strong>de</strong> do(s)<br />

copista(s) do códice MM63: uma transmissão <strong>de</strong>ficiente <strong>da</strong> obra po<strong>de</strong> estar<br />

frequentemente na origem <strong>de</strong> uma incorrecta atribuição. Como também os grupos <strong>de</strong><br />

variações no códice <strong>de</strong> Mylau se nos apresentam anónimos, po<strong>de</strong>mos atribuir <strong>de</strong> uma<br />

forma genérica a obra <strong>de</strong> Coimbra à escola <strong>da</strong> Alemanha central do fim do século XVII,<br />

mas não abandonamos completamente a ilusão <strong>de</strong> termos encontrado uma pequena obra<br />

<strong>de</strong> juventu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Johann Pachelbel no códice do Mosteiro <strong>de</strong> Santa Cruz. Pachelbel apenas<br />

publicou duas obras durante a sua vi<strong>da</strong>: uma série <strong>de</strong> variações corais hoje perdi<strong>da</strong>s,<br />

"Musicalische Sterbens-Ge<strong>da</strong>ncken" em 1683; e a já cita<strong>da</strong> colecção <strong>de</strong> árias. O restante<br />

corpus <strong>da</strong> sua obra para tecla foi-nos transmiti<strong>da</strong> por numerosos e dispersos manuscritos,<br />

em que por vezes as mesmas obras se apresentam com variantes consi<strong>de</strong>ráveis entre si.<br />

Segundo Shannon, o Mylau Tabulaturbuch contém várias obras até hoje <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s<br />

<strong>de</strong> Pachelbel, mas contudo irrecuperáveis; não sabemos se lhe foi atribuído algum dos<br />

pequenos conjuntos <strong>de</strong> variações. Não nos parece existir uma objecção radical que<br />

elimine to<strong>da</strong> e qualquer hipótese <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> uma obra <strong>de</strong> Pachelbel na Península<br />

Ibérica, exceptuando as questões estilísticas já aponta<strong>da</strong>s e a invulgari<strong>da</strong><strong>de</strong> do facto. Em<br />

todo o caso, atribuição <strong>da</strong> obra a Pachelbel, ain<strong>da</strong> que pretensiosa, aju<strong>da</strong>-nos a situar a<br />

obra num contexto estilístico concreto e a<strong>de</strong>quado.

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