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Fernando Miguel Marques Jalôto Música de Câmara da 1ª metade ...

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Real Mosteiro <strong>de</strong> São Vicente <strong>de</strong> Fora, em Lisboa. É esta reforma que está na origem,<br />

entre outros <strong>de</strong>senvolvimentos, <strong>da</strong> intensa vi<strong>da</strong> musical do Mosteiro nos séculos XVI e<br />

XVII.<br />

10<br />

Santa Cruz tornou-se neste período um dos gran<strong>de</strong>s centros portugueses cultores<br />

<strong>de</strong> polifonia vocal sacra. Gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> música impressa, maioritariamente <strong>da</strong><br />

escola franco-flamenga, foram importa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> casas editoras <strong>de</strong> Antuérpia e Lovaina, mas<br />

a aquisição <strong>de</strong> manuscritos com obras <strong>de</strong> autores ibéricos ou activos na Península Ibérica<br />

foi também relevante. Josquin, Arca<strong>de</strong>lt, Crequillon, Ver<strong>de</strong>lot, Willaert, Sermisy, Gombert<br />

e Palestrina, mas também Escobar, Peñalosa, Anchieta e Morales foram alguns dos<br />

compositores ouvidos então regularmente na liturgia do Mosteiro. Santa Cruz <strong>de</strong>senvolveu<br />

a sua própria escola <strong>de</strong> composição, sendo muitos os monges crúzios que se <strong>de</strong>dicaram à<br />

arte <strong>da</strong> música, tais como D. Heliodoro <strong>de</strong> Paiva (…-1552), D. Francisco <strong>de</strong> Santa Maria<br />

(…-1597) e D. Pedro <strong>de</strong> Cristo (ca.1545-1618). 15 A música instrumental foi também<br />

cultiva<strong>da</strong> <strong>de</strong> forma assídua, nomea<strong>da</strong>mente a obra <strong>de</strong> Buus, Ortiz, Cabézon e Carreira,<br />

existindo ain<strong>da</strong> no Mosteiro oficinas <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> instrumentos. Os instrumentos <strong>de</strong><br />

cor<strong>da</strong> fricciona<strong>da</strong> (do género hoje conhecido como violas <strong>da</strong> gamba) eram favorecidos, 16 e<br />

tal aspecto po<strong>de</strong>rá reflectir-se no extenso uso do violino no século XVIII, como as nossas<br />

fontes parecem confirmar. A gran<strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s interpretações pela Capela polifónica –<br />

mas também do cantochão, pelo coro geral dos monges – era assegura<strong>da</strong> por uma<br />

exigente e intensa preparação musical <strong>de</strong> todos os membros <strong>da</strong> Or<strong>de</strong>m, chegando a ser<br />

impostas provas <strong>de</strong> composição e execução instrumental para o acesso aos colégios<br />

universitários sob o domínio <strong>da</strong> congregação. 17 A activi<strong>da</strong><strong>de</strong> musical dos monges <strong>de</strong> Santa<br />

Cruz prolongava-se para fora dos limites físicos do Mosteiro, em acontecimentos públicos<br />

na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Coimbra, como procissões e festas religiosas, 18 ou ain<strong>da</strong> na colaboração com<br />

outras instituições monásticas, nomea<strong>da</strong>mente os Jesuítas, nas peças <strong>de</strong> teatro neolatino<br />

15. Ver Owen Rees "Dissemination of a 'Spanish Court Repertory' in Portugal" e "Foreign<br />

printed music at Santa Cruz: the evi<strong>de</strong>nce of manuscript concor<strong>da</strong>nces." Em Polyphony in Portugal<br />

c. 1530-c.1620.<br />

16. Ver Ernesto Gonçalves <strong>de</strong> Pinho, Santa Cruz <strong>de</strong> Coimbra, Centro <strong>de</strong> Activi<strong>da</strong><strong>de</strong> Musical<br />

nos Séculos XVI e XVII , 71-80; 135-143. Curiosamente foi um monge crúzio, D. Agostinho <strong>da</strong> Cruz<br />

(ca.1590-?) quem primeiro escreveu um tratado sobre a arte <strong>de</strong> tocar violino: "Lira <strong>de</strong> Arco, ou<br />

Arte <strong>de</strong> Tanger Rabeca" – ver: Diogo Barbosa Machado, Bibliotheca Lusitana […] Vol I: 65.<br />

17. Ver Pinho: 65-70; 81-86.<br />

18. Ver Pinho: 52-54.

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